Das reações dos vencedores e dos vencidos na noite eleitoral de domingo a mais repulsiva foi a de Rui Moreira. Singularmente, na hora da derrota, Passos Coelho conseguiu ser bem mais digno do que o autarca do Porto que, ufano na sua autossuficiência, se pôs a zurzir em tudo e em todos, como se de mais ninguém precisasse nos próximos quatro anos.
Triste destino será o da segunda maior cidade do país entregue a quem não mostra pinga de humildade e inicia o novo mandato em declaração aberta de guerra contra quem poderia dar-lhe ajuda semelhante à que lhe permitiu cumprir o quadriénio anterior com relativa facilidade. Ou alguém no seu juízo acredita que a obra feita muito se deveu a Manuel Pizarro e a outros vereadores, que deram o seu melhor para que ela fosse planeada e executada?
Entregue agora a si mesmo e ao pequeno núcleo de indefetíveis, que o são mais por oportunismo do que por competência, Rui Moreira poderá agora mostrar a sua valia, não sendo descartável a possibilidade de se revelar na metáfora estabelecida pela fábula do sapo, tão desejoso de se assemelhar a um boi, que inchou, inchou, até estoirar.
O discurso de domingo imediatamente nos fez associar Rui Moreira à personagem de Esopo. Para mal dos portuenses, Pizarro e os demais eleitos pela oposição só têm de vê-lo esticar a corda, sem nunca deixarem de demonstrar as alternativas, que seriam as suas. Mais depressa se apanha um vaidoso do que um coxo...
Quem mais se aproximou da atitude destemperada de Moreira, mas sem cometer a indelicadeza de se servir do discurso de vitória para vituperar os adversários, foi Assunção Cristas que não cabia em si de contente com o seu feito. Chegou a 20% em Lisboa, porque muita gente do PSD decidiu apresentar o cartão vermelho a Passos Coelho votando nela, mas a sua irrelevância no poder autárquico resume-se a meia dúzia de câmaras conquistadas e a menos de 3% de votantes a nível nacional. No seu delírio dominical Cristas lembrou aquele jogador de râguebi que, com a equipa a perder 72-0, conseguiu marcar um ensaio e correu desabrido por todo o campo como se o seu feito tivesse equivalido a ganhar o jogo (episódio que vi com estes olhos que o forno crematório um dia reduzirá a cinzas!).
Avulta como contraponto o excelente discurso de Fernando Medina, que deveria servir de quotidiana audição obrigatória a todos os autarcas eleitos, porque soube ser grandioso com humildade, sabendo que a sua visão para o município não se consegue apenas com maiorias mais ou menos absolutas, havendo que contar com as demais forças políticas para a criação de convergências destinadas a mudar de facto a qualidade de vida dos seus concidadãos.
Ser despretensioso na vitória é timbre de Políticos com maiúscula, enquanto os empafiantes e os espigaitados vivem os seus momentos orgásmicos, mas estão condenados à impossibilitados de os repetirem na dura prova de se verem testados com a realidade.
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