A turba parece ter sossegado da exasperação anti governo com o reconhecimento de António Costa sobre o suposto erro na forma como expressara as emoções. Para a direita a coerência mede-se assim: Constança de Sousa era má porque apresentava expressão compungida, mesmo lacrimejante. António Costa é mau porque não tem essa expressão, nem se lhe veem lágrimas (o que até é falso!). É o ser preso por ter cão e por o não ter...
Mas, passado esse momento de cedência ao que tal gente exigia, Costa arregaçou as mangas e voltou a empenhar-se no essencial: resolver os efeitos das tragédias deste verão e neutralizar-lhes as causas de forma a evitar recorrências. No entanto as medidas aprovadas no Conselho de Ministros deste sábado podem vir a ser insuficientes para efeitos meteorológicos extraordinários como o foram os turbilhões de massas quentes de ar, que o furacão Ophelia arrastou do deserto saariano causando ignições simultâneas no fim-de-semana.
Não sei quantas pessoas terão sentido idêntica sensação, mas nós constatámos algo de muito estranho quando, oito dias antes, fomos fazer desporto na baía do Seixal. Se a temperatura mantinha-se em valores elevados, mas que não levantavam suspeitas, o ar quente que nos incidia no rosto não era o habitual. Havia algo de diferente, que nos asfixiava a traqueia e nos exsudava as frontes em demasia. Não o adivinhávamos, mas era o prenúncio da tragédia que, por essa altura, andava a espalhar-se pelo norte do país. E, em circunstâncias daquelas, não existiam corporações de bombeiros, meios aéreos ou batalhões militares, que conseguissem travar a ameaça.
Costa pode, porém, fazer a diferença se, pela primeira vez, avançarem precauções eficientes na prevenção de incêndios. Nesse sentido José Vítor Malheiros considerava no «Público», que Costa pode vir a conseguir para a floresta, a regeneração, que o Marquês do Pombal concretizou na Baixa alfacinha.
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