A entrevista dada por António Costa à TVI mereceu de muitos dos seus apoiantes uma apreciação muito positiva e inteiramente merecida. Porque nunca perdendo a serenidade perante um entrevistador apostado em recorrer ao argumentário sobejamente explorado pelas direitas neste verão/outono de incêndios, o primeiro-ministro lembrou o Marquês do Pombal enquanto decisor capaz de reconstruir e reparar os danos de situações que, num e noutro caso, terão sido causadas por fenómenos meteorológicos cujo aprofundamento será objeto de análises significativas nos meses que virão.
Resultam fúteis os esforços televisivos e dos partidos das direitas em explorarem até à náusea os fundamentos com que se uniram para a derrotada moção de censura ao governo, tentando minimizar tanto quanto possível os esforços atuais e futuros para que as vidas dos sobreviventes e das empresas se reconstruam o melhor possível.
Olhar em frente, porque o que fica para trás outros o explicarão - mormente os que demonstrarão essas condições únicas para que a lei de Murphy encontrasse exemplar evidenciação - é algo que incomoda os que veem esvair-se a tal presença diabólica, anunciada por Passos Coelho, e afinal impotente para fazer vingar os seus intentos.
Não deixa, também, de ser interessante a reação de David Dinis, diretor do «Público» e um dos mais influentes jornalistas de direita da nossa comunicação social, a essa meia-hora de António Costa na TVI: no seu editorial identificou quatro avisos implícitos, que ele ali terá tido oportunidade de formular a Marcelo, lembrando-lhe que numa guerra leva-se, mas também se dá. E com a vantagem de comandar um executivo, que sabe bem o que de bom está a cumprir em muitas das principais áreas da governação - a começar pela económica onde, uma vez mais, se anunciou nova descida do índice de desemprego e um superavit cada vez mais robusto no saldo primário, se excluído dos juros da dívida - enquanto os putativos líderes futuros do PPD/PSD revelam a sua insignificância na apresentação de possíveis alternativas. Rui Rio volta ao estilo bem português de considerar fundamental que se estudem e se discutam publicamente medidas, que não admitem mais adiamentos para que se minimizem réplicas dos fenómenos que incendiaram o país nos últimos meses, enquanto Santana mostra-se igual ao que lhe conhecemos: folgazão e maledicente como de costume, mas tão trapalhão quanto se revelou, quando, para nossa desgraça, Barroso lhe confiou as rédeas governativas para se pôr ao fresco em Bruxelas.
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