Em definitivo o universo Impresa, através da «Visão», do «Expresso» e da SIC, já escolheu notoriamente o seu novo porto de abrigo junto do PSD: Rui Rio será o seu eleito tendo em conta a acelerada rapidez com que estão a mudar para o seu campo os passistas, ainda há pouco, seus ferozes opositores. A direita dos negócios, a ideologicamente enfeudada ao clube de Bilderberg, procura utilizar os binóculos que a façam ver mais longe e não duvida de ser o ex-autarca do Porto a merecer-lhe maior confiança na reconquista do espaço perdido com esta maioria parlamentar.
É claro que o «menino guerreiro» diz ainda estar a pensar, mas há demasiada gente a conhecer aquele célebre preceito hegeliano segundo a qual a História repete-se sempre duas vezes, sobretudo no seu corolário marxista, que acrescenta ser a primeira vez em forma de tragédia, a segunda como farsa. Ora, embora a curta passagem de Santana Lopes pela presidência do Conselho de Ministros tenha comportado muitos aspetos de farsa, pode-se considerar ter sido o registo trágico o que melhor retivemos da memória desses dias. Agora desarmada pela incompetência de Passos, os manda-chuvas laranjas pretenderão evitar novo fracasso.
A curiosidade residirá em saber o que irá este quase ex-líder fazer no resto da sua vida ativa. Involuntariamente humorístico, o «Expresso» aventa a possibilidade de o ver a integrar a futura galeria dos presidenciáveis. Mas, mesmo o «jornalista», autor dessa atoarda emitida por Marco António Costa, teve o pudor de assinar esse artigo com as iniciais (FSC) para não ficar associado a tão ridícula possibilidade. De qualquer forma sabemos tratar-se de Filipe Santos Costa, um dos mais virulentos escribas anti-António Costa, que o semanário de Balsemão conta nos seus quadros.
Importa, porém, considerar que nem tudo quanto esse jornal traz é lixo irreciclável. Sabemos que Miguel Sousa Tavares consegue acertar numa de cada dez crónicas, conseguindo ser odioso pelo menos em metade delas, mas no texto desta semana diz o óbvio: as direitas esforçam-se por manter a narrativa de encontrarem o país na bancarrota e terem-no recuperado a partir desse terrível patamar. Mas, lembra MST e devemos nós mesmos não permitir tal mito, que se as direitas tomaram conta do governo foi por haverem conseguido conluiar-se com o PCP e com o Bloco para derrubarem Sócrates, quando este até já conseguira de Merkel a aprovação para o seu PEC IV.
Nunca saberemos se o país teria assim evitado o resgate, que trouxe a troika até nós, mas importaria ter esgotado essa solução até ao fim. E, ansiosos por tomarem conta do pote, Passos & Cª conseguiram aumentar exponencialmente a dívida soberana, apesar de terem privatizado as principais «jóias da coroa» ainda na esfera do setor público, desde a ANA à REN, dos CTT ao que restava da PT, sem esquecer que, por pouco teriam dado igual destino à TAP e à generalidade dos transportes públicos de Lisboa e do Porto.
Por muito que as direitas insistam em tal mistificação cabe-nos, a cada momento, contrariá-las com a verdade dos factos. Porque Passos & Portas, desde que decidiram apossar-se das rédeas do poder, só contribuiram para o empobrecimento e o desespero de uma grande maioria dos portugueses.
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