terça-feira, 31 de outubro de 2017

Mais perguntas do Operário Letrado

Sempre pondo-nos na pele do Operário Letrado do poema de Bertolt Brecht, que colocava perguntas pertinentes cujas respostas seriam muito reveladoras, se efetivamente respondidas, podemos formular as seguintes:
1. será que o presidente da Liga dos Bombeiros, Jaime Marta Soares, ficou muito zangado com a prometida tutela da Autoridade da Proteção Civil sobre as corporações porque, à sombra do voluntariado, os seus membros concretizam lautos negócios? Temerá um escrutínio oficial, que demonstrará o pouco altruísmo de alguns, que veem nesse tipo de organizações a possibilidade de acautelarem interesses nada transparentes?
2. será que, fazendo passar para os jornais o desagrado com a entrevista dada por António Costa à TVI, pretenderá Marcelo persistir em alimentar uma guerrilha permanente com o governo? Dado ter ligado a possibilidade de só avançar para um segundo mandato em Belém se as medidas de prevenção e combate a incêndios vierem a ter sucesso daqui por diante, como conta consegui-lo se entrar em confronto, mesmo que disfarçado, contra quem vai, efetivamente concretizar as medidas necessárias para tal?
3. ainda nenhum deputado terá dito a Marcelo, mesmo que em surdina, para acabar com esse triste número de os convidar a irem conhecer as zonas devastadas pelos incêndios, quando afinal eles moram ali mesmo e conhecem-nas muito melhor do que o citadino professor? E quando deixará de se aproveitar do ambiente de comoção nacional  para querer tutelar todo o sistema político democrático?
4. estará o cardeal Manuel Clemente a receber lições do mesmo coacher, que Marcelo, já que se dispôs a propor oração, que comova o mundo celestial de forma a enviar-nos chuva, quando ela está mais do que anunciada pelo Instituto de Meteorologia para os últimos dias desta semana? Depois de haver quem exija demissão de ministra, que sabe já estar demitida, temos um cardeal a convencer os crentes da sua capacidade para mandar no clima?
5. será que os autarcas algarvios acreditam ser merecedores de se lhes ver confiada a gestão da orla costeira, depois de, anos a fio, terem multiplicado os crimes ambientais em toda a região? Já não lhes basta o cenário catastrófico de uma região descaracterizada pelo turismo em versão kitsch para pretenderem acabar o trabalho?

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