Acabada a época dos fogos, e presumindo que a economia continuará a dar ao governo motivos para demonstrar a bondade da estratégia delineada pela equipa de Mário Centeno para incrementar o crescimento económico e diminuir o desemprego e a pobreza, existem duas matérias de grande potencial para que Assunção Cristas prossiga a sua agenda populista: a seca e a pesca da sardinha.
No primeiro caso deverá exigir que António Costa abandone a zona de conforto de só acorrer a Bruxelas para resolver as dificuldades momentâneas, como as suscitadas pelos incêndios, e suba mais alto, siga até ao poleiro donde São Pedro vigia os atos dos pecadores cá de baixo e o inste a mandar-lhes chuva. Não é ele um hábil negociador? Então que cuide de forçar o santo a deixar-se dos seus comedimentos pluviosos, permitindo-nos ver barragens a transbordar e rios ufanamente caudalosos a deslizarem pelas suas margens.
Quanto à sardinha também a buliçosa demagoga poderá encontrar matéria com que surja diariamente nos telejornais, particularmente no de José Rodrigues dos Santos, que já se lhe revelou particularmente caloroso como anfitrião: como é possível que cada fêmea de sardinha só tenha posturas de 20 mil óvulos a cada duas semanas, quando, se bem convencidas, poderiam duplicar o seu potencial de fecundidade, dobrando a quantidade disponível para os nossos indignados industriais da pesca? Andando agora a perder tempo com quem sofreu os efeitos dos fogos, mas nenhum os possa ameaçar de novo nas próximas semanas, deverão António Costa e a ministra Ana Paula Vitorino arregaçar as mangas, vestir os fatos de mergulho e negociar com Neptuno uma maior prodigalidade das caprichosas sardinhas.
Haja imaginação e não faltarão argumentos à ardilosa governanta do Largo do Caldas.
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