domingo, 29 de outubro de 2017

Entre os dois venha o Diabo de Passos e escolha

Obviamente que tanto se me dá que ganhe Rio como Santana no PSD. Mas, enquanto o primeiro, é filho apócrifo de um certo Portugal profundo, que anseia por homens austeros, salazarentos e teve em Cavaco a sua expressão mais recente, o segundo norteia-se pelo tipo de populismo serôdio capaz de recorrer às mais abjetas argumentações (o episódio do “colinho” em 2005), quando se trata de levar a sua avante. Nesse sentido o candidato às autárquicas em Loures tem muito mais a ver com o ex-provedor da Santa Casa do que com o antigo presidente da câmara do Porto. Mas, na forma como execra a cultura (vide como erradicou do Rivoli quem ali criava artes de palco mais irreverentes para impor a “estética” de la Feria) e lida mal com o contraditório, se quiséssemos encontrar um émulo do sinistro Viktor Orban à escala nacional seria para Rio, que melhor nos inclinaríamos.
Perante tudo isto, e sobretudo quanto à vontade de Marcelo em estilhaçar a atual maioria parlamentar para a ajeitar a um centrão mais ao gosto de Francisco Assis, tenho alguma dificuldade em adivinhar qual merecerá maior simpatia para quem não desiste de comandar os destinos do país a partir de Belém. Rio aproxima-se-lhe mais nos valores, mas é menos manipulável, que Santana Lopes. Por isso inclino-me para a segunda hipótese, até por ambos serem abertamente populistas. Com uma diferença: Santana é-o na plenitude no que tais protagonistas melhor revelam a sua demagogia - na exclusão do Outro. Enquanto Marcelo, pelo contrário, ainda está na fase inclusiva, aquela em que sabe fazer perdurar por mais tempo as taxas de popularidade necessárias para executar, a longo prazo, a sua agenda escondida.

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