domingo, 27 de janeiro de 2019

A manipulação do «Correio da Manhã» e da SIC a encontrar eco em quem não esperava


No artigo de opinião de hoje no «Público» João Miguel Tavares assume algo, que, para espanto meu, subscrevo por inteiro: se tiver de escolher entre Mamadou Ba, que foi alvo de uma campanha soez de assassinato político nos últimos dias, e os dois energúmenos de um partido fascista, que andaram a segui-lo e a provoca-lo numa atitude de assédio inaceitável, a opção é óbvia: pôr-me-ei ao lado do assessor do Bloco de Esquerda. Porque se a sua expressão a respeito da polícia não foi a mais feliz, não podemos esquecer que os Observatórios Europeus sobre a Segurança dos cidadãos estão de olhos postos em Portugal, porque são demasiados os casos de violência perpetrada pelos seus agentes sem que as autoridades os investiguem devidamente e sancionem os culpados. O exemplo verificado uns anos atrás em Guimarães, com um homem  (branco) a ser barbaramente agredido por um polícia, junto ao filho, com quem se deslocara para ver um jogo de futebol, vai-se replicando nos dias que correm, embora sem as câmaras das televisões ou os smartphones a testemunha-lo.
Não escamoteemos o facto de existirem infiltrados de movimentos neonazis nas polícias ou nas forças armadas. Identificá-los e expulsá-los é tarefa urgente para impedir que o veneno se propague mais do que até aqui. Porque a situação agrava-se: ao partilhar um post de Uma Página numa Rede Social em que se denunciavam as fake news espalhadas pelo «Correio da Manhã» e pela SIC sobre os rendimentos do referido Mamadou Ba, deparei-me com amigos, que considero ponderados e aparentemente dissociados de simpatias pró-neonazis, a reagirem emotivamente contra a vítima de tais notícias falsas sem se deterem um momento que fosse na razão de ser da desinformação dos dois órgãos de (des)informação social. E aí volto ao texto do escolhido por Marcelo Rebelo de Sousa para as comemorações do 10 de junho: ele tem todo o direito a manifestar o que pensa sobre violência policial, porque a liberdade de pensamento é um direito constitucional, que lhe está reconhecido. Ao invés, os fascistas que o ameaçam, o insultam, o assediam, não podem reivindicar-se de idêntico direito, porque a sua ideologia está taxativamente proibida pela nossa Lei Fundamental. Desconheço o que o Ministério Público anda a fazer a tal respeito, mas só espero que, muito rapidamente, esses defensores de ideologia criminosa sejam rapidamente confrontados com a ilegalidade dos seus atos.
Consola-me o facto de continuarem a ser tão poucos que, na manifestação por eles convocada anteontem para o Terreiro do Paço, apenas trinta tenham comparecido à chamada. Até ver, nem eles, nem os simpatizantes do Ventura, conseguirão respaldo eleitoral com o mínimo significado nas eleições deste ano. Mas, se nada for feito para esmagar a serpente enquanto está no ovo, ela sairá da casca e mostrar-se-á letal, quando muito mais dificilmente for contrariada.

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