sábado, 19 de janeiro de 2019

Saúde, publicitários e pedreiras


Na primeira página do «Expresso» de hoje vem a notícia da aposta do governo em fazer aprovar a nova Lei de Bases da Saúde com quem tem toda a lógica que assegure tal objetivo: com os parceiros, que o têm viabilizado durante estes quatro anos. O que merece, de imediato, a condenação da lobista Maria de Belém, durante algum tempo iludida quanto à sua capacidade em salvaguardar os interesses dos hospitais privados para que, há muito, vem trabalhando.
Mais significativa é a promessa de Marcelo Rebelo de Sousa em contrariar a nova Lei. Mas haverá alguma admiração quanto ao facto de continuar fiel a si mesmo, tudo fazendo para prejudicar o Serviço Nacional de Saúde contra o qual votou quando foi criado?
Faz, pois, todo o sentido que a nova Lei seja aprovada as vezes que forem necessárias - nomeadamente depois do previsível veto presidencial - pelos partidos que sempre têm defendido o direito constitucional dos cidadãos portugueses a disporem de um serviço público de qualidade e a todos acessível. Será essa a melhor homenagem que poderá organizar-se à memória de João Semedo e António Arnaut, que tanto por tal se bateram.
Ao exigir que Rui Rio se associe à nova Lei, mormente exigindo-lhe  que consiga o que Maria de Belém viu frustrado, Marcelo esquece-se de um pormenor: é o próprio presidente do PSD a anunciar que, daqui até às eleições, nada acordará com o governo, porfiando na contínua maledicência como forma de minimizar a previsível derrota. Para tal também vai contratar uma agência de comunicação para melhor dourar a indigesta pílula do seu argumentário. Resta saber se esses publicitários conseguirão melhorar a imagem do mau produto, que tentarão vender.
Na capa do semanário de Balsemão ainda se faz caixa com a situação crítica de 191 pedreiras para que são exigidas urgentes paliativos. Mas pela experiência de ter estado esta semana na zona entre Borba e Vila Viçosa, é evidente que não são só os riscos de segurança para quem nelas trabalha e para as populações à sua volta, a serem tidos em consideração. A paisagem está, de tal forma, destruída pela ganância indecorosa dos donos dessas explorações, que importa pensar na sua requalificação ambiental para lhe retirar o desagradável aspeto de um cenário de Terceiro Mundo. Exigindo a quem vem lucrando com tal negócio, que corresponda com os custos de tal recuperação...

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