terça-feira, 1 de janeiro de 2019

O lobo que nunca existiu e o sapo que não chegou a vitelo


Quando se trata de política em Portugal é inevitável encontrar nas fábulas infantis, e nos provérbios populares, recursos oportunos para caracterizar os atos e as palavras dos que lideram as direitas. Passos Coelho protagonizou a sua própria versão de «Pedro e o lobo», apenas mudando de mau da fita: em vez do mamífero canídeo invocou tantas vezes a iminente chegada do Diabo, que depressa nele desacreditaram os crédulos dispostos a darem-lhe efémero benefício da dúvida.
Agora, à distância, fico a saber que, a pretexto das mensagens de Natal, normalmente emitidas pelos titulares dos principais órgãos de soberania, também outro Pedro, decidiu criar a sua em filme com oito minutos de duração, que tomava como imaginário interlocutor o primeiro-ministro.
Não sei quem teve a pachorra para desperdiçar esse tempo com o patético arrivista. Tantos anos passados, ele continua a ser o mesmo teleopinador que, convidado semanalmente a debater a realidade da semana com José Sócrates - quando ambos ainda não tinham liderado governos! -, pedia a quem cumpria moderar o confronto de opiniões para deixar ao socialista a despesa de iniciar a disputa, ciente de encontrar que dizer quando lhe ouvisse pronunciar substantivos argumentos, e pudesse utilizar a habilidosa retórica de advogado, embora sem jamais convencer quanto a possuir fundamentos bastantes para lhe ser dada qualquer razão.
Querendo medir-se com António Costa, este Pedro aliancista lembra  a estória do sapo disposto a tudo fazer para se vir a assemelhar a imponente boi. Fica, porém, a convicção de que, por muito que inche, nunca este anódino invejoso chegará sequer a comparar-se a humilde vitelo.

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