Nunca deixarei de lembrar a guerra intensa que setores das direitas fizeram ao governo de José Sócrates a propósito da urgência em construir um novo aeroporto para servir a capital. Valeria a pena relembrar todas as enormidades ditas a esse respeito, desde a exequibilidade da atual estrutura aeroportuário servir a contento as necessidades durante mais umas décadas até se inventarem grandes negócios em perspetiva com terrenos na Ota numa demonstração plena de como as fake news não são apenas do tempo das redes sociais, porque o boato sempre foi arma da reação, seja por boca a boca, seja por pasquins da Cofina. Mas valeria a pena, sobretudo, que os jornalistas confrontassem algumas figuras gradas dessas direitas com as inflamadas declarações de há uma dezena de anos, solicitando-lhes comentário sobre o que pensam do que, então, disseram. Tratar-se-ia de um serviço público de mérito para quem se dispusesse a fazê-lo!
Que o aeroporto está a rebentar pelas costuras dizem-no diariamente os jornais, mas ainda sobram estarolas vestidos de ecologistas a quererem adiar o mais possível a (má) solução representada pelo Montijo a pretexto da insuficiência dos estudos de impacto ambiental. Por vontade desses iluminados por quantos anos mais teríamos de esperar por uma alternativa, que satisfizesse um crescimento de movimento de passageiros já dificilmente acomodável nas condições atuais?
Devo, no entanto, referir que o empolamento do que de negativo se está a passar em Lisboa não condiz com a minha recente experiência: voando para Amesterdão e de lá regressando, tenho de elogiar a rapidez com que embarquei, sem ter de descalçar sapatos, nem tirar o computador portátil da mochila, ou com que recebi as malas ao aqui chegar. Ao contrário do sucedido em Schiphol, em que uma e outra situação se revelaram bem mais morosas e complicadas. Vi novamente cumprida a regra hoje assumida pelos jornalistas: quando se trata de algo relacionado com o que possa atribuir-se ao governo impera o silêncio, quando se justificam os elogios e enfatizam-se as críticas se algo possa levá-los a disparar sobre a governação.
Depois admiram-se da perda de audiências ou de leitores nas (des)informações, que produzem! É que a realidade difere muito do maniqueísmo antigoverno, que grassa nos telejornais, nas rádios e nos jornais!
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