segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Idiotas com curto prazo de validade


Num artigo que hoje publicará no «i» Alfredo Barroso lembra a frase de Nelson Rodrigues, segundo o qual acabaremos por ser governados por idiotas, porque têm a força do número para sobreporem-se ao talento dos inteligentes.
Aparentemente assim ocorre nos nossos dias: gente como Trump ou Balsonaro corresponde a esse padrão de idiotas sem a mínima noção das consequências inerentes às suas impensadas decisões, que muito prejudicam os iludidos eleitores.
Há, no entanto, uma regra, que contra eles se vira mais tarde ou mais cedo: atrás de tempos, tempos vêm, gerando um ricochete letal. Quando Trump mantém a chantagem sobre a Câmara dos Representantes exigindo as verbas para o muro na fronteira do México, sem o qual sabe perder a face perante muitos dos que o elegeram, não se apercebe quanto o tempo acelera em seu desfavor: no momento certo, e a fim de se libertarem de quem para eles se tornou num estorvo, serão os próprios republicanos a darem provimento ao impeachment. Até porque Mike Pence é bem mais ponderado na missão de servir os interesses dos que confiam na Casa Branca para incrementarem os seus lucros.
Balsonaro, por seu lado, já começa a provar do veneno, que viu ser dado a Lula da Silva. A estória dos sucessivos depósitos na conta bancária de um dos filhos poderá ser uma faísca, que pegue fogo ao estopim e encurte rapidamente o seu mandato. É certo que até pode haver mais juízes federais a replicarem o que logo se apressou a agir, travando a investigação do ministério público. Mas o argumento do putativo réu já denuncia a origem mais do que duvidosa desses milhares de euros: como considera que o cargo de senador o protege, exige que as comprometedoras provas sejam destruídas. Resta ver como a imprensa brasileira reagirá ao assunto: depois de ter ativamente contribuído para assassinar Lula politicamente, e não se ter visto premiada por tal «sucesso», pode aproveitar agora para premir o gatilho e sujeitar a família Balsonaro a demolidor ataque.
Quem deu os idiotas como inevitáveis vencedores numa espécie de fim da História depressa terá de rever o seu modelo de análise dos acontecimentos.

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