Como qualquer outra pessoa tenho a minha quota parte de racismo, embora hajam os que exageram, e muito!, nesse preconceito e o cheguem a dimensionar em comportamentos criminosos. Daí que, perante o sucedido no Bairro Jamaica, no Seixal, ou nos acontecimentos desta noite em Odivelas, na Póvoa de Santo Adrião e em Setúbal enjeite uma leitura maniqueísta como a que, invariavelmente, assume a organização SOS Racismo. Porque, na realidade, se há racismo dos brancos relativamente aos negros, também o inverso é verdadeiro, como constatei lamentavelmente, em Ponta Negra (Rep. Congo) e em Douala (Camarões), onde só por sorte escapei a violência por tal motivada. É pena, mas os seres humanos têm, no seu pior, a característica de transferirem para os que lhe são diferentes - em cor da pele, em religião, em clube de futebol, etc.– as suas frustrações.
Sobre os casos, que têm sido notícia de abertura nos telejornais estou longe de considerar isentos de culpa os moradores do bairro do Seixal, e não são imagens selecionadas de acordo com o ponto de vista dos que as captaram a convencer-me do contrário. Embora não sejam de excluir infiltrações de neonazis nas forças de segurança pública - matéria que deveria estar a ser permanentemente aferida - elas devem ser respeitadas e as ordens acatadas. Se assim não é, que podem fazer? Meter a viola (cassetete) no saco e retirar? Daí dar razão aos que na polícia defendem a necessidade de imitar os norte-americanos na filmagem de todas as suas intervenções até para defesa da legitimidade dos seus atos.
Quanto ao vandalismo subsequente à manifestação da véspera, e sem excluir a possibilidade dos seus autores serem idiotas incapazes de compreenderem quanto podem estar a prejudicar-se, criando anticorpos até nos mais indiferentes às diferenças de cor da pele - todos se imaginam na pele dos donos dos carros absurdamente incendiados! - não é de excluir que tenham sido perpetrados pelos que queiram acicatar esse clima de violência racial. Sabendo-se do que são capazes não descartaria essa possibilidade como real.
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