Entrevistada pelo «Público», Inês de Medeiros respondeu com solidez às perguntas sobre este ano de liderança autárquica em Almada, mas deu o flanco numa questão, que os jornalistas escolheram maliciosamente para título da peça, demonstrando a intenção premeditada de se agarrarem ao que mais impacto pudesse ter nos populistas das redes sociais, atentos aos falsos argumentos, que lhes justifiquem o seu ódio à Democracia. Por isso enfatizaram a opinião, mais do que justa, da conveniência de se darem aos ex-deputados o acesso ao subsídio de emprego.
Vamos lá racionalizar: se eu for contratado para uma empresa e, passados uns anos, ser dela excluído, quer por falência, quer por mera extinção do posto de trabalho, ninguém porá em causa, que me habilite ao apoio social previsto para o período entre empregos. No entanto parece haver aí grande alarido por se poder vir a respeitar o mesmo princípio, se a interrupção do vínculo contratual acontecer por eleição para a Assembleia da República, e concluído o mandato, o emprego em causa já não existir. Será justo que fique socialmente desprotegido quem se dispôs a cumprir um imperativo de cidadania? Só gente asquerosamente reacionária, que execra políticos por não confessado desejo de uma ditadura, pode sentir-se incomodado com o reparo de Inês de Medeiros.
Os que tanto falam em «transparência», e não disfarçam o sotaque provinciano de quem se inspira no biltre de Santa Comba! -, deveriam antes preocupar-se com a possibilidade dos deputados em causa se inquietarem com o risco de saírem do parlamento sem meios de sobrevivência para os meses subsequentes de regresso ao anterior percurso profissional e se sintam tentados por lobistas, que lhes pretendam vender a sua agenda política.
A entrevistada tem toda a razão, quando sugere que os políticos se deem, efetivamente ao respeito, não colaborando com quem os pretende desqualificar. Porque a sociedade torna-se mais sã se os cidadãos sentirem pelos seus representantes políticos o devido apreço.
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