quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Entre o indignarmo-nos e o calarmos a indignação


Não concordando com o essencial do conteúdo da crónica de Daniel Oliveira no «Expresso» de ontem em que acaba a dar o benefício da dúvida à estratégia do irmão luso do jagunço brasileiro contra o mau populismo, tenho de convir na sua razão, quando escreve: “Vivemos um tempo difícil em que lidamos com um paradoxo: quando mais nos indignamos com o indefensável mais ajudamos o indefensável.”
De facto, quando se trata de coisas inaceitáveis como o episódio ocorrido no programa do Goucha, justifica-se que nos questionemos se valerá a pena dar-lhe a importância verificada nas redes sociais, porquanto ter-se-á aqui verificado uma lógica da regra de não haver má publicidade, apenas publicidade. Ou como dizia um colaborador meu há uns bons anos: “não importa que digam bem ou que digam mal. O que importa é que de nós falem!”.
Os tempos atuais não se coadunam com o que nos dizia a experiência passada, que encontrava valimento em desprezar o que se revelava desprezível. É que as redes sociais tendem a favorecer o que é crapuloso em detrimento do ético, se não dermos particular enfoque a esta última dimensão.

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