As notícias andam a lançar-nos sucessivamente areia para os olhos como se a realidade se aproximasse da vontade dos editores da imprensa escrita e audiovisual e não tanto do que, efetivamente, se passa.
Um exemplo interessante de ontem residiu na greve dos enfermeiros, que deveria ter paralisado os hospitais da zona centro do país. Ora, por muito que os repórteres procurassem evitar a divulgação do seu malogro, ele era mais do que evidente, confirmando-se o que se adivinhava: muitas das greves corporativas em curso, ou prometidas para breve, resultam da mobilização de uns ambíguos sindicalistas, estimulados por uma agenda política facilmente detetável nas suas palavras, e não tanto pela defesa dos interesses dos associados, que lhes servem de meros instrumentos até de tal se fartarem.
Inteligentemente o governo parece estar a utilizar uma estratégia bem sucedida de esgotar o potencial reivindicativo de tais contestações pelo cansaço dos que nelas se empenham e concluem nada obter. A continuarem assim os nogueiras e os ventinhas arriscam-se a verem-se afónicos e impotentes, quando as eleições confirmarem o fracasso do seu verdadeiro móbil político.
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