O que se vai passando na Grécia deveria interessar-nos mais do que tem acontecido nos últimos meses dada a similitude dos efeitos da política troikista de austeridade na generalidade da sua população com a que afeta a nossa.
Com um Partido Socialista reduzido à irrelevância e a direita completamente rendida aos ditames dos credores, o interesse residirá em aferir até que ponto o Syriza poderá constituir a resposta mais eficaz contra as tentações fascizantes expressas no neonazi Aurora Dourada (e nas forças policiais por ele infiltradas!) e contra os interesses da burguesia grega em vencer mais um round da Guerra Civil latente, que o país tem conhecido desde a Segunda Guerra Mundial.
Desde esse distante passado que a direita grega só conseguiu infletir o rumo histórico para a esquerda, sempre pretendido pela maioria da sua população, através da invasão britânica de 1945 e da imposição da ditadura de Papadopoulos derrubada em 1974.
Agora, depois das ilusões alimentadas pelo PASOK, temos a troika a confiar à sua marioneta Samaras o papel de evitar o que pode constituir o crescimento irreversível de uma base social de apoio para a vitória determinada dos que desejam um outro tipo de sociedade.
Por isso mesmo ganham grande importância duas notícias hoje chegadas de Atenas e que vão no sentido almejado pela maioria dos seus cidadãos: por um lado os juízes do Tribunal de Contas aprovaram por unanimidade a inconstitucionalidade dos cortes nas reformas e a supressão de subsídios de férias e de natal previstos no orçamento para 2013. Por outro o Tribunal de Atenas absolveu o jornalista Costas Vaxevanis que tinha sido acusado de violar informações pessoais ao publicar a lista de 2.000 pessoas com contas bancárias na Suíça. Essa absolvição foi conhecida após uma sessão que se prolongou durante 12 horas e depois do Ministério Público ter pedido uma condenação de três anos de prisão.
Ao contrário da Justiça portuguesa, que segue em roda livre, a defender a agenda política dos seus agentes, a grega mostrou como pode e deve assumir um papel ativo na transformação progressista da realidade...
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