sexta-feira, 16 de novembro de 2012

POLÍTICA: alternativas demasiado ideológicas?


Vamos ter de nos habituar a novo rosto à frente da República Popular da China: Xi Jinping.
Embora as expetativas sejam baixas quanto a grandes mudanças a curto e a médio prazo, pelo menos dentro dos presentes parâmetros de afirmação de uma forma musculada de capitalismo de Estado,  há que reconhecer uma enorme sabedoria milenar na forma como os chineses lidam com as grandes transformações exigidas pela dinâmica dos acontecimentos internos e externos. Se até o próprio Mao Zedong, mesmo declarando guerra ideológica a Confúcio,  seguiu fervorosamente muitos dos preceitos dessa tradição!
Explica Su Zhiliang, reitor numa das universidades de Xangai: A harmonia, como atitude, é o nosso contributo para o mundo. Significa mudança, reforma, mas integrando todas as partes, e sem convulsões. Sem Revolução.
Veja o que se passou com a chamada Primavera Árabe. Não levou a bom resultado em nenhum país onde aconteceu, apesar de as motivações serem positivas.
Deverá haver mudança, mas não radical. Terá de ser pacífica e demorar o tempo que for necessário.
No entretanto o PIB da China (medido em paridade do poder de compra) já ultrapassou o da zona euro, segundo dados da OCDE. O que  comprova alguma virtude na forma como o suposto Partido Comunista Chinês está a conduzir as suas políticas económicas e financeiras (que quanto às sociais continuam tenebrosas!)
Por cá tivemos a visita da srª Merkel, que, segundo Leonete Botelho do «Público» , justifica uma definição bastante sintética: onde a senhora de ouro toca, tudo se transforma em pedra, austera e pobre.
A economia portuguesa já foi tocada por ela e pelos seus dogmáticos aliados internos. Resultado: até as exportações, que constituíam um dos poucos indicadores a que os ministros se agarravam para vender a bondade da sua ação, estão em retrocesso com uma quebra de 8,3% em Setembro.
Mas Pacheco Pereira iliba alguma da responsabilidade da chanceler na sua crónica semanal do «Público»: Os fatores externos não explicam as sucessivas previsões erradas, a ignorância profunda do país, no plano social e económico, a incompetência generalizada, o governar em cima do joelho aos arranques e recuos, a incapacidade de aprender com os erros, a arrogância face aos sofrimentos dos portugueses, a destruição sistemática do país em nome de um profetismo «refundador» de pacotilha que só a ignorância justifica. A culpa não é certamente da senhora Merkel.
Infelizmente, depois de uma imensa greve geral, Vítor Gaspar manteve a teimosia no debate parlamentar sobre o orçamento menosprezando as propostas da oposição. Mesmo com a realidade a dar-lhe diariamente a pública demonstração da falência da sua estratégia, o talibã das finanças mantém o rumo suicida em direção ao icebergue. Comentava Ferro Rodrigues alguns dias atrás:  os piores momentos para reformar sistemas fiscais e de despesa são os recessivos, em que vai o bebé com a água do banho. Não é o corte na despesa que vai resolver os problemas do país.
Mas a atitude da direita quanto ao que provém do campo das oposições está bem demonstrada no comentário depreciativo de Lobo Xavier às propostas da CGTP no programa «Quadratura do Círculo»: «demasiado ideológicas» considerou.
É caso para perguntar: o que são senão fundamentalistas no sentido ideológico do neoliberalismo mais selvagem as práticas deste Governo?

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