A Praça Tahir volta a encher-se de manifestantes para contrariar o decreto do presidente Mohamed Morsi, que avoca a si poderes extraordinários próprios de uma ditadura.
O que está a acontecer no Cairo dá justa resposta aos receios de vermos as Primaveras Árabes a derivarem para a islamização acelerada das sociedades aonde ocorreram. Nesse sentido Morsi terá tido um engano de cálculo: depois do sucesso diplomático, que foi o estabelecimento de tréguas entre Israel e o Hamas, julgou-se com poder suficiente para se atribuir poderes comparáveis aos do derrubado Moubarak.
Os factos estão a demonstrar que a juventude egípcia e a população cairota não estão tão enfeudadas aos Irmãos Muçulmanos quanto se temia e dispõem-se a impedi-los de desrespeitar a aspiração democrática revelada pela revolução. Ademais a dependência dos 100 milhões de euros do FMI e de outros investimentos internacionais está rapidamente a confrontar Morsi com a realidade. Que poderá obrigar os novos regimes do norte de África a respeitarem o modelo democrático ou a serem substituídos por quem se revelar mais capacitado para tal tarefa.
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