Todos os anos ocorrem catástrofes naturais, que escassas dúvidas deixam quanto à influência das alterações climáticas detetáveis por indicadores cientificamente comprováveis enquanto decorrentes da atividade humana.
Mesmo assim, a Conferência de Doha agora a decorrer nada trará de assinalável quanto à inflexão do rumo assumido pelos principais países poluidores. Apesar do «Sandy», que pôs o Estado de Nova Iorque em estado de sítio na semana das eleições, ou, a nível interno, do tornado de Silves, as consciências ainda não estão suficientemente sensibilizadas para impor uma agenda ecológica. E, no entanto, segundo números da ONU, até 2050, prevêem-se 200 milhões de emigrantes ambientais por causa da seca ou de inundações contínuas.
É ciente desse desajustamento entre a realidade e as políticas internacionais que alguns artistas decidem entrar em tal debate. É o que faz Rachid Ouramdane com «Sfumato», um espetáculo de dança atualmente em cena no Theatre de la Ville em Paris.
No palco os sete bailarinos movimentam-se na representação de corpos condenados à errância, desenraizados, fragilizados. Ora sobre um espelho de água em que os pés mergulham, quer rodopiando como se de tornados se tratassem. Trata-se, pois, de uma metáfora visual do sofrimento gerado por um grave problema atual.
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