« O Regresso do Povo com P grande» é o título da crónica hoje publicada pelo sociólogo Elísio Estanque, que analisa a relação de forças hoje existente na sociedade portuguesa e conclui pela forte probabilidade de estar iminente o reerguer de um novo sujeito de mudança.
De facto depois de se terem esvaído as revoluções democráticas, proletárias, tecnológicas, informáticas, sexuais e outras, que alteraram mais ou menos significativamente os comportamentos dos vários atores sociais, está a crescer um novo polo transformador com potencial para virar do avesso o presente estado das coisas. Esse novo ator é - menorizada a classe média por efeito das políticas de austeridade - o POVO.
Vale a pena citar aqui a forma como Elísio Estanque conclui o seu texto, que constitui pista interessante de reflexão para a análise da espuma destes dias:
A hostilidade desta nova “casta”, que alcançou o poder político ao colo do poder económico e das redes de interesses, tornou-se insuportável para quem trabalha. Os seus tiques, os gestos e desabafos de ocasião expostos nas imagens televisivas, são bem ilustrativos do seu absoluto desprezo pelos “de baixo”.
Perante o acelerado desmantelamento da classe média e o seu regresso ao rol dos pobres e precarizados, é bem provável que esteja iminente o reerguer de um novo sujeito de mudança, já não o proletariado do século passado, mas a revolta de uma grande variedade de camadas sociais - mulheres e homens de todas as idades, funcionários, professores, militares, jovens precários, estudantes, artistas, pensionistas, polícias, empresários, desempregados, sindicalistas, domésticas, agricultores, agentes culturais , sindicalistas, etc . –ou seja, 38 anos depois do 25 de abril, é de novo o Povo (com P grande) que se ergue, a marcar a distância abissal que o separa da elite privilegiada.
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