segunda-feira, 26 de novembro de 2012

FILME: «Rebelle» de Kim Nguyen



O tema das crianças-soldado em diversos países de África já tem sido tão abordado, que poderá pecar por cansativo. Até porque não parece conhecer solução eficaz, encontrando-se sempre guerrilhas apostadas em servirem-se de tal reserva de militantes das suas causas quase sempre absurdas.
Mas, por outro lado, se não se a denunciar incansavelmente até se tornar num problema ultrapassado, persistirá com toda a acumulação de vítimas inocentes. Daí o interesse de mais um filme sobre tal assunto, agora estreado nos ecrãs franceses em que uma rapariga de 14 anos fala ao bebé ainda no seu ventre, contando-lhe a própria história, que o espectador de Rebelle irá ver-se a desenrolar no ecrã.
Passado na África subsariana o filme de Kim Nguyen  mostra homens armados, rebeldes a ocuparem a aldeia da jovem Kamona, a quem forçam a assassinar os próprios pais e a quem irão treinar no uso da kalachnikov AK-47, quando chegam à selva.
Amante forçada do chefe Great Tiger, ela inicia-se no vício dos alucinogénios com um jovem albino a quem apelidam de «Mágico», e que lhe trazem de volta os familiares mortos a vê-la na noite escura com os seus olhos iluminados.
A viver no Canadá, foi aí que Kim Nguyen planeou a realização desta obra terrível, a mais impressionante de quantas já foram rodadas sobre as crianças-soldado, simultaneamente vítimas e carrascos, ostracizadas do resto da humanidade.
Poderia tornar-se insuportável, mas o realizador distancia-se do horror, evitando as armadilhas imaginadas no seu próprio argumento, pondo Komona a recusar-se a contar a morte de um certo carniceiro, porque se o fizesse mais ninguém se atreveria a prosseguir no conhecimento da sua história.


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