quinta-feira, 13 de setembro de 2012

DOCUMENTÁRIO: «Les Routes de la Terreur» de de Fabrizio Calvi et Jean-Christophe Klotz



O 11 de setembro é daquelas datas em que nos lembramos onde estávamos e o que fazíamos quando alguém nos chamou a atenção para as notícias transmitidas em direto a partir de Nova Iorque.
No meu caso concreto estava na sede da empresa aonde então trabalhava e recordo que quem me chamou estava exuberante porque, finalmente, os americanos estavam a provar do seu próprio veneno.
Não diria que partilhava totalmente desse sentimento, até pelo número de vítimas civis, que se pressentia vir a ser significativo, mesmo antes de vermos as torres a ruir uma após outra. Mas a eleição fraudulenta de Bush ainda fresca e o discurso belicista, que ele já encarnava, fazia prever a possibilidade de vermos os agressores remetidos à defensiva.
A História acabaria por não evoluir nesse sentido e a guerra de agressão contra o Iraque não tardaria a verificar-se. A fera ficara ferida, mas ainda mais raivosa na sua natureza predadora. Mas ela, a exemplo do que ocorre com os documentários dedicados ao período da Segunda Guerra Mundial, ainda tem muitos aspetos por esclarecer e, mesmo que julguemos já conhecidos os tópicos principais , justifica-se olhar para as análises, que vão sendo postas em filme.
É esse o propósito de «As Vias do Terror», que Fabrizio Calvi e Jean-Christoph Klotz rodaram, utilizando inúmeras testemunhas, para uma minuciosa identificação das relações internacionais e dos fatores que conduziram ao ataque do 11 de setembro.
Dez anos depois esta criteriosa investigação revisita assim os acontecimentos à luz dos dois decénios anteriores: vinte anos de guerras secretas entre Washington, a Europa e o mundo árabe e muçulmano, desde a revolução iraniana à ascensão do fundamentalismo e do terrorismo, passando pela primeira guerra do Golfo.
Entre 1979 e 1993 os futuros terroristas estavam do lado dos anjos, apenas porque partilhavam um inimigo comum com os EUA: o regime soviético, que mandara invadir o Afeganistão em dezembro de 1979.
Antigos responsáveis da CIA explicam porque se arriscaram a armar os moudjahidins árabes de Bin Laden. Agentes do FBI contam as suas primeiras investigações a respeito do terrorismo islamista nos Estados Unidos.
Um dos entrevistados é o único agente a ter-se conseguido infiltrar na célula de Nova Iorque aonde pontificava um ideólogo cego de origem egípcia particularmente carismático.
Políticos, diplomatas e agentes secretos detalham a história oficial, que contribuíram para estabelecer, reconstituindo o itinerário da Al-Qaida desde a sua génese.
A segunda parte é consagrada à corrida contrarrelógio iniciada na sequência do primeiro ataque contra as Torres Gémeas em 1993, esclarecendo alguns dos mistérios relacionados com o 11 de setembro: no ano anterior já a CIA tinha dois dos futuros piratas aéreos debaixo de olho, mas fazia os possíveis por esconder do FBI tal informação.
O filme reconstitui peça por peça, o puzzle da Al Qaida enquanto engrenagem infernal orientada para a manhã, que mudaria o mundo.

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