terça-feira, 11 de setembro de 2012

FILME: «Nos Idos de Março» de George Clooney (2011)



Dignidade e integridade!
Desejaríamos tanto que estas duas palavras não fossem apenas estandartes demagógicos acenados por determinadas campanhas políticas e correspondessem, de facto, à concretização dos mais impolutos ideais de quem se candidata às funções políticas.
Vejamos o caso específico de Passos Coelho: conseguindo cavalgar uma campanha violentíssima contra o carácter do seu antecessor, ele apresentou-se aos eleitores como o homem humilde e bem intencionado, que lhes prometia o paraíso na Terra.
E, confiantes em tão boas palavras, ei-lo primeiro-ministro a transformar-lhes a vida num inferno e a fazer exatamente o contrário do que tinham sido os seus compromissos!
Como dizia um comentador televisivo, em Paris José Sócrates deverá estar a rir-se com tudo isto, pensando com os seus botões: atrás de mim virá quem de mim bom fará!
O filme de George Clooney, embora pareça ter apenas a ver com a realidade norte-americana, acaba por remeter para o nosso presente aqui e agora. Porque, quando a vontade de poder supera a pureza dos princípios iniciais, todo o bem intencionado transforma-se num crápula capaz de usar todos os meios - inclusive a chantagem - para chegar aos seus fins.
É por isso que «Nos Idos de Março», mais do que confirmar Clooney como o grande realizador dos filmes politicamente empenhados vindos do outro lado do Atlântico, constitui uma proposta incontornável para refletir sobre o abismo para cuja beira nos vimos empurrados.

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