segunda-feira, 17 de setembro de 2012

POLÍTICA: Para acabar de uma vez por todas com mails e posts demagógicos


Os tempos atuais - para além de extremamente difíceis para a maioria dos portugueses - também estão a ser extremamente interessantes pela capacidade de indignação  que culminou nas manifestações de 15 de setembro. E que mostraram a impossibilidade de se prosseguir neste rumo ideológico em que os pobres pagam a crise e os ricos ficam cada vez mais ricos!
No entanto, a coberto desta indignação coletiva, surge a campanha de intoxicação demagógica, tão comum nas épocas de crise, em que o criptofascismo libertário  ganha direitos de indecorosa divulgação.
Basta olharmos para o outro lado do Atlântico e para o desfile de «freaks», que empunham as bandeiras do «tea party», para vermos no que redunda o discurso anti partidos e antipolíticos e quem, na sombra, o financia: todas as ditaduras emergiram deste tipo de afirmações em que se sugerem diminuições de ordenados para os políticos ou a condenação dos partidos (nomeadamente do «centrão» como alguns se apressam a sugerir!).
Deixemo-nos levar por esse tipo de discurso acéfalo e podemos dizer adeus às mais preciosas das liberdades, desde a de exprimirmos o que pensamos até às de lermos, vermos ou ouvirmos o que apreciamos!
Os Putins, os Hitlers ou os Mussolinis surgiram de caldeirões sociais, políticos e económicos em que se criaram apetências por «homens providenciais» acima dos «corruptos» que gozam de supostas mordomias excessivas!
Curioso como essas mentes -  ou inocentes ou profundamente estúpidas! - se apressam a olhar para os ordenados dos ministros ou dos deputados e não olham para o que recebem os Mexias, os Catrogas ou os Nogueira Leites deste  país. Ou para os Amorins, os Belmiros ou os Soares dos Santos, que só adivinhamos contarem com milhões não só nos bancos nacionais, mas também nos paraísos fiscais. Ou, afinando ainda mais o alvo, esses especuladores financeiros, que criam as experiências como a da TSU, e as vendem a académicos enfronhados nos seus números para ganharem milhões à custa dos mesmos de sempre.
Não, meus amigos! Quando disseminam mails e posts contra as remunerações dos políticos ou contra os partidos políticos, não estão mais do que a servir de idiotas úteis a quem tem todo o interesse em desviar o alvo das vossas espingardas e pô-los a gastar munições contra quem está longe de merecer a melhor das vossas atenções.
O que está em causa é o sistema capitalista tal qual está, que conseguiu convencer as multidões dos supostos deméritos das propostas marxistas, quando é nelas - devidamente atualizadas para o contexto dos nossos dias e expurgadas dos erros, que conduziram aos excessos estalinistas ou maoístas! - que reside a esperança em alcançarmos uma sociedade mais justa, equitativa e sustentável!
Por isso a nossa guerra não é com os políticos!
Se estes não servem - e os do atual governo já demonstraram que, de facto, só têm lugar no caixote do lixo da História! - devemos exigir outros, de melhor qualidade, nem que para tal lhes devamos pagar mais para conseguirem fazer melhor e não buscarem a merecida retribuição do seu valor noutro lugar que não o do serviço público!
Se estes partidos não servem, tenhamos a coragem de militar neles e esforçarmo-nos por transformá-los em organizações mais eficientes e orientadas para a defesa do interesse coletivo. Porque - é uma convicção que nunca vi desmentida: os maiores detratores dos partidos são sempre os que nunca quiseram sujar as mãos a pintar cartazes ou a gastar noites em discussões coletivas sobre as melhores estratégias a implementar!
Não, meus queridos amigos, que me bombardeiam com mails e posts demagógicos: deverão fazer ainda um esforço mais para serem revolucionários! E não bastará ir para as manifestações gritar palavras de ordem: necessário é estarem convictos que, mais do que destruir políticos ou partidos, é fundamental exigir-lhes que sejam atores da decisiva mudança civilizacional rumo a um futuro em que voltemos a poder sonhar!

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