No programa «28 minutes» do canal franco-alemão ARTE, discutia-se hoje se o ministro do Interior Manuel Valls não estará a replicar a postura do sarkozismo perante muitas vertentes da disfuncionalidade social em França. E recordavam-se alguns episódios: a expulsão dos ciganos romenos, a proibição de manifestações de fundamentalistas islâmicos em frente à Mesquita de Paris, o policiamento reforçado de Marselha ou a sua proclamada falta de entusiasmo pelo reconhecimento do direito de voto aos emigrantes.
Resultado: enquanto Hollande desce nas sondagens, Valls sobe imparavelmente.
Mas há muito que, a tal respeito, a esquerda costuma esquecer uma evidência: por muito que a delinquência tenha causas sociais, que importa corrigir (e daí a importância em garantir o direito a habitação, saúde, educação, etc.) já são irreversíveis muitos casos de gente desestruturada capaz de atentar contra bens e pessoas sem se ater a quaisquer escrúpulos.
Para tais casos - mesmo que suscitando pruridos éticos - não existe outra solução senão a repressão. Complementada se possível com verdadeiras políticas de reinserção social e profissional.
O que não se pode nunca é deixar à direita - e bem sabemos quanto Paulo Portas sempre teve grande sucesso a tal respeito junto dos taxistas e aparentados! - a oportunidade de cavalgar na onda da suposta segurança pública, já que ela nunca poderá ser uma questão de direita ou de esquerda, filiando-se sim nos imperativos de uma estratégia republicana.
Nesse sentido - e muito embora haja quem sinta alguns amargos de boca ao ter de reconhecê-lo! - mas a razão estará desta vez com a musculada política de Manuel Valls.
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