Uma das mais estafadas afirmações da atual maioria parlamentar é a da coresponsabilidade do Partido Socialista na assinatura do chamado memorando da troika, que tanto dano tem feito à qualidade de vida da maioria dos portugueses.
Para acabar de uma vez por todas com esse argumento, há que lembrar quatro aspetos fundamentais:
1. O então primeiro-ministro José Sócrates só convocou a troika depois de muito pressionado pelo presidente da república, pelos banqueiros e pelo ministro das Finanças Teixeira dos Santos (recorde-se que independente sem vínculo partidário!) sob o falso argumento de estarem vazios os cofres do Estado para acudir a compromissos financeiros urgentes.
2. Essa mesma cedência à vinda da troika também resultou da coligação entre a direita, o PCP e o Bloco de Esquerda, que derrubaram o governo a pretexto da inaceitabilidade do PAC4, já negociado com as instâncias europeias e sem qualquer similitude com o que veio a ser implementado desde então.
3. O memorando firmado ainda na vigência do anterior Governo, quando já estava em gestão, embora subscrito igualmente pelo PSD e pelo CDS, não tem absolutamente nada a ver com a sua aplicação posterior, já que Passos Coelho logo decidiu ir muito além da troika, acentuando-lhe as medidas gravosas para todos os portugueses. Quem desvirtuou o conteúdo negociado não tem justificação para querer vincular ao desastre das suas políticas, quem sempre se tem declarado contra a implementação de quanto nunca fora objeto de qualquer discussão consensual.
4. Nas suas cinco revisões, sempre condicionadas pela visão ideológica dos negociadores de ambas as partes e pelo rotundo fracasso da sua aplicação, o memorando já nada tem de similar com o que fora subscrito pelo Partido Socialista, que tem toda a legitimidade para o renegar enquanto compromisso que já não é o seu.
Nesse sentido os socialistas sentem todo o direito de integrarem e promoverem os grandes movimentos de contestação, que empurrarão Passos Coelho, Portas, Gaspar, Relvas e Moedas para o caixote do lixo da História!
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