No Parlamento Catarina Martins já questionou António Costa quanto ao número necessário de falhas graves do governador do Banco de Portugal para lhe dar o devido trato. Razão para Nicolau Santos ter sistematizado sete na sua crónica de ontem no «Expresso». Ei-las aqui resumidas:
1. Carlos Costa não foi suficientemente lesto a afastar Ricardo Salgado do BES, quando tinha informações bastantes para tal. Se o Grupo Espírito Santo estava condenado, o seu Banco poderia ter sido salvo.
2. não impediu Ricardo Salgado de lançar a operação de aumento de capital no valor de mil milhões de euros que, dois meses depois, se tinham evaporado;
3. fez perder milhares de clientes ao Novo Banco ao permitir que Comissão Europeia dele se servisse para testar o seu modelo de resolução numa grande instituição financeira da zona euro;
4. deixou-se pressionar por Passos Coelho a decidir-se pela venda rápida do Banco antes das eleições de outubro de 2015, desdizendo-se perante Vítor Bento a quem nomeara com a garantia de lhe dar três anos para o recuperar;
5. anunciou que o Novo Banco iniciava a atividade com um capital de 4900 milhões de euros livre de quaisquer ónus ou créditos duvidosos. Agora já há a somar 3 mil milhões de euros em prejuízos e 2,5 mil milhões em créditos duvidiosos segundo os cálculos da Lone Star;
6. prejudicou seriamente o país, que quase se tornou um pária na imprensa e nos canais financeiros internacionais por ter canalizado para o banco mau as cinco emissões obrigacionistas de dívida sénior. Essa sua decisão explica a dificuldade do atual governo em conseguir o regresso de grandes investidores internacionais à nossa economia.
7. convenceu Vitor Gaspar a aplicar 1,1 mil milhões de euros no Banif, apesar de o saber inviável, e permitiu o envio para Bruxelas de oito propostas de reestruturação todas chumbadas, mas que serviram a Maria Luís Albuquerque para ir empurrando a resolução do problema para quando já ele não lhe caísse em cima.
É verdade que ninguém acredita na possibilidade de o ver demitido pelo governo, porque ele sabe-se protegido pelos pares do BCE e do FMI. Mas, mesmo tendo de o suportar até ao final da legislatura, o atual governo poderá tê-lo suficientemente fragilidade para que não cause maiores danos.
O que não poderemos deixar de lembrar é a responsabilidade de Passos Coelho em reconduzi-lo, quando nada o justificava. Tanto basta para o fazer conivente das tais faltas graves de que Carlos Costa não se livra por muito que tente imitar Núncio na pose de angelical criatura injustamente ameaçada de degola.
Sem comentários:
Enviar um comentário