Anda muita gente a confessar-se enganada pela primeira versão da suposta censura a uma conferência na FCSH a ser dada por Jaime Nogueira Pinto. Invocou-se Voltaire, escancararam-se portas de Abril (a sua Associação), o «Expresso» publicou o texto medíocre falsamente qualificado de «proibido» e até Marcelo exigiu explicações do diretor da Faculdade.
Afinal começa-se a confirmar que tudo não passou de uma golpada de marketing em favor de uma nova associação de carácter fascista que a Constituição (e bem!) deveria proibir. Porque, como a História o demonstrou, o ovo da serpente deve ser destruído, quando ainda mal começou a ser chocado. Porque, depois, pode tornar-se letal!
Os episódios que se seguiram ao cancelamento da iniciativa revelaram a verdadeira face dos organizadores com a exigência de trazerem para as instalações universitárias os seus gorilas para garantirem a segurança de quem comparecesse à palestra e ao despacharem quarenta desses provocadores na invasão à Associação de Estudantes para fotografarem os rostos de quem se lhes opusera prometendo-lhes sinistra retaliação. Os SA de Hitler não se comportariam de maneira diferente!
E quando o «conferencista» se proclamou censurado, fazendo-se vítima da «liberdade de expressão», causou estupefação a sua falta de pudor, porquanto não esquecemos como ele foi ativo apoiante da repressão policial contra os seus colegas quando ainda se viviam os tempos do Estado Novo. Nogueira Pinto nunca se distanciou desse comportamento contumaz em defesa de quem nos oprimiu quase meio século.
Um equívoco em que muitos lavraram nestes dias - incluindo a Associação liderada por vasco Lourenço - foi a de se ter feito o 25 de abril para que todos tivessem o direito a exprimirem-se. Até mesmo os inimigos das liberdades fundamentais.
Terá sido assim? Perguntassem aos portugueses por essa altura se pretenderiam dar esse tipo de liberdade aos fascistas e adivinhar-se-ia facilmente a resposta! A maioria não deixaria de lamentar que os nomes grados do regime tenham escapado impunes às suas responsabilidades e que pides e legionários nunca tenham sido confrontados com os seus crimes crapulosos! Foi esse repúdio assente em palavras de ordem do tipo «Fascismo Nunca Mais!», que justificaram a proibição constitucional das organizações fascistas!
Ao contrário de muitos corações piegas, revelados nestes últimos dias, a tal matilha não se deve reconhecer qualquer liberdade. São cães raivosos que não merecem a complacência com que têm sido tratados. Porque eles são a negação dos valores fundamentais em que se fundamentam a nossa Democracia. E para viver nesta será preciso merecê-la, respeitá-la e apoiá-la!
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