quinta-feira, 30 de março de 2017

Má sina ser seropositivo na República Checa

Os países do Leste europeu não cessam de nos surpreender pela negativa. É a ditadura de Orban na Hungria. É a estigmatização das mulheres que abortam na Polónia. É a caça às bruxas de que são alvo os seropositivos na República Checa. Neste último caso eles são convocados a interrogatórios policiais, que visam acusá-los de transmissão voluntária do vírus da Sida. Por isso vivem na clandestinidade, sem sequer consultarem médicos pelo medo de se verem denunciados. Tratam-se por si mesmos com antibióticos, nem sequer indicados para os seus problemas, ou buscam solução no estrangeiro se forem suficientemente abonados para tal.
Em janeiro de 2016 os organismos oficiais da saúde pública fizeram uma queixa judicial contra 31 seropositivos, acusados de relações sexuais não protegidas e de porem em perigo vidas alheias. Incorriam em penas até 10 anos de prisão. A identificação dos suspeitos foi feita a partir de uma listagem de pacientes, elaborada pelos médicos a nível nacional, tendo como objetivo a análise da progressão da difusão do vírus.
A acusação feita aos indiciados foi feita sem qualquer prova. Daí que o dossier tenha sido encerrado um ano depois por nada de ilegal se lhes poder apontar. Tratou-se apenas da instigação irresponsável de uma atmosfera de medo fundamentada em preconceitos em grande parte homofóbicos e inflamada pelos tabloides. Mas, hoje em dia certos médicos, como os dentistas, recusam-lhes tratamento e os patrões nãose coíbem de os despedir.
Depois de terem estado na vanguarda de muitos direitos fundamentais para os seus cidadãos, a maioria dos países do Leste Europeu recuaram décadas em tal consideração.

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