Das catacumbas ressurgiu Teodora Cardoso para desvalorizar os resultados conseguidos pelo atual governo e pela maioria que o apoia.
Na véspera Francisco Louçã assinara uma crónica no «Público» a respeito de, para as direitas, «isto já não ir lá com copinhos-de-leite».
O que queria dizer com isso o novo conselheiro de Carlos Costa no Banco de Portugal? Muito simples: se as direitas tiveram em tempos Vasco Pulido Valente, Fátima Bonifácio ou Paulo Rangel, entre outros, para aparentarem algumas ideias sobre o futuro do país, esgotados tais espécimes, debalde se viraram para uma certa geração mais nova representada por Henrique Raposo, João Miguel Tavares e outros que tais. Se os antecessores tinham estiolado, os copinhos-de-leite ainda mais rapidamente se revelaram fora de prazo.
Para as direitas e para os meios de (des)informação que as conforta, a alternativa está na tenebrosa criatura do dito Conselho de Finanças Públicas: só ela lhes dá alento quanto à possibilidade de, mesmo tarde e a más horas, o Diabo acabar por aparecer.
A oportunidade era conveniente, porque tendo-se esgotado a novela da Caixa Geral de Depósitos, o massacre em torno das fugas de dinheiro para os offshores estava tão intenso, que até José Gomes Ferreira ou Manuel Carvalho tiveram de, a contragosto, alinhar no coro contra Núncio e Marilú Albuquerque.
O problema é que Marcelo não anda mesmo nada a dar para esse peditório: pressentindo a direção donde soprarão os ventos nos próximos tempos, deixa-se ir à bolina na expetativa de ter tempo para atuar de acordo com a sua natureza se a meteorologia mudar. Por agora vai contribuindo na desminagem dos engenhos artesanais, que as direitas vão querendo plantar no vitorioso caminho da governação.
Preveem-se tempos difíceis para Passos, Cristas & Cª: mais um trimestre avança para o fim e nada lhes corre de feição. Que podem argumentar com o crescimento a alavancar, o investimento a florir, o desemprego a descer e o défice a consolidar-se abaixo das obrigações europeias? Que lhes restará para maldizerem as esquerdas se até as agências de notação financeira dão sinais de irem rever as classificações de lixo com que as prendaram nos quatro anos do seu desgoverno?
Decididamente a conjuntura frustra os velhos reacionários e quantos lhes ansiavam suceder. As teodoras bem podem teimar na tentativa de desafinação do coro esperançoso dia-a-dia mais intenso . É que merecem a triste sorte de se verem empurradas para as travessas dos fala-sós das nossas cidades.
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