segunda-feira, 27 de março de 2017

Não gosto da solução mas continuo a confiar

Como socialista tenho dificuldade em engolir a imposição europeia de impedir qualquer influência do Estado português no Novo Banco apesar de ficar com 25% do seu capital. Obviamente consideraria mais asizada a assumpção da sua nacionalização - já efetiva desde que Passos Coelho e Carlos Costa optaram pela sua resolução! - em vez de proporcionar um bom negócio ao fundo-abutre disposto a «comprá-lo».
Há ainda assim dois problemas a obstar a tal posição que, por princípio, deveria mobilizar toda a esquerda: por um lado a Caixa Geral de Depósitos poderá ser o grande banco público, não só regulador de todo o sistema bancário, como com desejável potencial de crescimento  face aos concorrentes privados. Ter mais um concorrente público para quê?
A outra questão tem a ver com a fragilidade ainda evidente do governo português em relação às instituições europeias, sejam elas a Comissão, por via da sua Direção da Concorrência, ou o Banco Central Europeu, que ainda nos anda a financiar até ao final deste ano.
Até que a relação de forças se altere e o Partido Popular Europeu veja o seu domínio contrabalançado pelos socialistas e progressistas, o governo de António Costa continuará a confrontar-se com a má-vontade dos Schäubles e dos Djesselbloems de serviço ao ideário austeritários.
Daí que, mesmo engolindo em seco, terei de apoiar a decisão de quem governa sobre todo este imbróglio. Costa e Centeno já nos deram provas bastantes para percebermos, que baterão o pé sempre que sentirem possibilidade de sucesso contra quem nos tenta cingir ao falso estereotipo dos «povos do Sul», cedendo no acessório sempre que não for possível colher vitória imediata no essencial.
No fundo António Costa segue o exemplo dos melhores generais que, nos teatros de guerra, avançam confiantemente quando a vitória está ao alcance, mas preferem retirar para melhor posição estratégica, quando o sucesso é mais do que improvável.
É claro que Passos e Maria Luís aparecerão reivindicativos como se fossem virgens virtuosas sem culpas no cartório, tendo garantido o coro dos jornais e televisões, que arranjam todos os pretextos para desvalorizar a determinação do governo em resolver tudo quanto anteriormente tinha sido escondido debaixo do tapete ou mascarado. Mas será que uns e outros convencem de facto a maioria dos portugueses, que sente a confiança de ter ao leme quem melhora efetivamente a sua qualidade de vida e revela competência para devolver a esperança negada nos quatro anos anteriores?

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