As esquerdas ainda teimam em não aprender as lições que tudo quanto tem sucedido na Caixa Geral de Depósitos nos últimos meses, lhes já deveriam ter facultado.
O novo cavalo de batalha de Passos Coelho e de Assunção Cristas contra o banco público é o de contestarem os balcões, que irão encerrar um pouco por todo o país.
Perante a ladainha das direitas o que deveriam ter feito as esquerdas? Em primeiro lugar denunciarem-na como mais um exemplo de hipocrisia de quem andou anos a forçar a inevitável privatização, acabando por arrastar o maior banco nacional para a hecatombe em que deixaram todo o setor bancário. Depois, sem suscitarem parangonas, teria sido judicioso reunirem com Mário Centeno e Paulo Macedo para garantirem aquilo que eles já se apressaram a confirmar: não só existirão balcões em todos os concelhos do país como não deixarão de existir caixas automáticas nas zonas mais desertificadas. (Não seria má ideia localizarem-nas nas juntas de freguesia, que aí costumam funcionar como centros de apoio aos mais idosos).
A realidade bancária é hoje completamente diferente da que conhecemos até há relativamente pouco tempo. Quantos costumam ainda frequentar as agências se mais rapidamente podem resolver o que precisam nas caixas automáticas?
A mera constatação dessa inevitável evolução e o quanto exige estratégias incontornáveis na gestão do setor bancário deveria ser acolhida pelas esquerdas como elas sempre estariam obrigadas a concetualizar nas suas ações: se existem dinâmicas irreversíveis, é estúpido gastar energias a contrariá-las. O desafio de quem se considera progressista consiste em canalizar essas dinâmicas para a direção mais conveniente para o interesse coletivo. Aquilo que precisamente as direitas não querem nem conseguem entender.
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