1. Na sua edição dominical o «Público» traçou o perfil de Rosário Teixeira procurando dar-lhe uma imagem favorável. Mas a realidade é como é e o jornalista Samuel Silva encontrou quem o diz «mau acusador» nos processos da sua responsabilidade, conseguindo uma taxa muito baixa de condenações.
Há também o pormenor não despiciendo de ter feito carreira à sombra do apadrinhamento de Fernando Negrão, o que explica a aparente sanha antissocialista nas suas investigações. A realidade é que o percurso profissional esteve ascendente sempre que o deputado do PSD estava em condição de o ajudar na Polícia Judiciária ou no Ministério Público, tornando-se irrelevante sempre que perdeu os favores da hierarquia.
Cabe, pois, perguntar se as críticas de Joana Marques Vidal significam ter sido escolhido como elo mais fraco de um processo destinado a saldar-se num clamoroso fracasso?
2. No «Expresso» deste fim-de-semana foi possível detetar o desalinhamento de alguns dos seus principais redatores com o que se vai passando à direita. Se o suplemento de «Economia» continua porta-voz dos teimosos austeritários (com a louvável exceção de Nicolau Santos!), o primeiro caderno já começa a dar sinal de algum distanciamento para com os disparates do seu campo político.
Comece-se por Pedro Santos Guerreiro que ajuíza a escolha de Teresa Leal Coelho para Lisboa como uma “excelente notícia” para o PS e para o CDS. “Passos Coelho pode começar a escrever dois discursos, um de derrota, outro de saída”.
Martim Silva encarrega-se de não poupar um dos mais ridículos “senadores” da direita: “o único problema de Santana é que ao falar do tempo em que foi primeiro-ministro faz-nos lembrar desse período. E o julgamento não é meigo para ele.”
A terminar, e confirmando a sua bipolaridade, Miguel Sousa Tavares retoma a Operação Marquês para questionar os que insistem em culpar José Sócrates antes sequer de ser conhecida qualquer acusação (se é que alguma vez a ela chegaremos!): “Por ora, faço apenas uma pergunta: aqueles que já decidiram de há muito que ele é culpado, se um dia se virem a contas com a Justiça, gostariam de ser tratados da mesma maneira? Pois eu não, Prefiro o conforto daquilo a que nos países civilizados se chama Estado de Direito.”
3. A notícia já tem vários dias, mas vale a pena trazê-la de novo à baila: entre 2005 e 2015 mataram-se 142480 raposas em território nacional.
Tratando-se de admirável animal, para quando ouviremos os partidos políticos, mormente o PAN, a propor legislação a proibir as batidas e outros modelos de caça, que tendem a reduzir a presença da espécie entre nós?
4. A última nota deste texto vai para os apreciadores de roupa barata em lojas, que a importam de países onde os operários são pagos com salários de miséria e obrigados a trabalhar em ambientes infectos e propícios aos acidentes. Na antiga Birmânia, atual Myanmar, os trabalhadores contratados para a produção de peças para a HM estão em luta por condições mais dignas de remuneração e de segurança. Se forem bem sucedidos, será expectável que a marca sueca cuide de deslocalizar a produção desse país para outro ainda mais miserável, onde os custos diminuam e as suas margens de lucro exponenciem.
Para quando um levantamento ético contra as insígnias que beneficiam com o lado mais perverso da globalização?
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