A humilhante derrota de Donald Trump ao fim de apenas dois meses de mandato vem confirmar o que na altura perspetivei: ainda que assustador em quanto mal consegue fazer (basta ter o acesso ao tal botão capaz de deflagrar o Armagedão!), o pato-bravo depressa chegaria à constatação da incapacidade em traduzir os desejos por realidades, dado estas serem sempre bem mais fortes do que o seu incurável narcisismo.
O tão execrado Obamacare perdurará, porque os próprios republicanos não se entendem na forma de o eliminarem e já veem aproximar-se as eleições intercalares do próximo ano nas quais poderão pagar os custos das tolices contínuas do presidente. Por isso mesmo não será de espantar ver a Administração completamente paralisada porque alguns dos seus supostos apoiantes compreenderão que só dela se dissociando poderão ter a esperança de garantir a continuidade do emprego.
Há males que podem vir por bem, como pressupõe conhecido provérbio popular. É que o efeito de vacina é tal, que a viragem ideológica em sentido contrário torna-se bem mais fácil. Assim saibam os democratas ir potenciando estas borlas, que Trump, involuntariamente, lhes vai proporcionando. Nomeadamente não esquecendo de cativar esse eleitorado momentaneamente iludido pelo discurso marketeiro de quem agora lhe vai apresentando fatura tão pesada. Basta olhar para o rascunho do orçamento federal já conhecido: muitos dos programas eliminados - para que das respetivas poupanças se financie o grande crescimento das despesas militares - beneficiava precisamente esse eleitorado dos Estados vermelhos, que não tardam em sentir na carteira o ricochete da estupidez do seu sentido de voto.
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