Quando as comadres se zangarem o que iremos saber que ainda desconhecemos? Nos pingue-pongues entre Passos Coelho e Assunção Cristas para cuidarem de sacudir a água do capote quanto às respetivas responsabilidades pelo estado em que deixaram o país, ainda tudo vai funcionando na lógica dos subentendidos ou dos silêncios ruidosos. Mas por quanto tempo mais? Quando as sondagens prenunciarem dimensões de irrelevância para quem sempre julgou ter legítima pretensão ás mordomias do poder, manterão os antigos parceiros de coligação a ainda evidente urbanidade? Tendo em conta a ambição de sucessivos líderes de um e de outro em garantirem o exclusivo do espaço político das direitas, como aceitarão a progressiva exiguidade desse microcosmos cada vez mais micro?
As responsabilidades de Núncio e de Portas nas questões dos offshores darão ao PSD o ensejo de encurralar o antigo parceiro de coligação para um canto mais apertado sem se vislumbrar em Cristas a habilidade política para dele se livrar. Mas tendo em conta os muitos telhados de vidro acumulados por Passos Coelho nas mais pertinentes questões financeiras do país, que contraofensiva desesperada provirá do CDS? Seremos prendados com cenas de faca e alguidar onde os golpes mais baixos venham a ser aplicados? Sobretudo se, como os indicadores vão demonstrando, as exportações continuarem a crescer, o investimento alavancar, o desemprego descer e o défice permanecer controlado?
Se as eleições de outubro constituírem uma forte punição das direitas, como reagirão os seus eleitorados? Aguentarão Passos e Cristas por muito mais tempo? Sentir-se-á Portas tentado a regressar para se armar num D. Sebastião em dia de nevoeiro?
Se nas esquerdas não se anteveem surpresas, a atenção dedicada às direitas promete vir a ser recompensada com episódios mais palpitantes do que os das telenovelas sempre iguais!
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