Quase por certo jamais contarei com 10 mil milhões de euros nas contas bancárias. Nem mesmo com cinco ou até um! Mas tomei hoje uma decisão: se os vier a ter e face ao desempenho de Paulo Núncio na Comissão Parlamentar será ele quem contratarei como advogado para sonegar aqueles muitos milhões num qualquer paraíso fiscal. +E que nem se trata daquela expressão bem portuguesa do “quem o ouve ninguém o leva preso”, que pressupõe alguma possibilidade de inocência para quem é interrogado. Neste caso, ele é culpado, quase mostra orgulho em sê-lo e desafia quem considere que tal facto possa ser censurável.
Ele não negou ter sido de sua lavra a decisão de esconder as estatísticas comprometedoras para quantos andaram alegremente a fugir ao fisco. Manteve-se quase impassível, quando o forçaram a reconhecer a violação das orientações da Comissão Europeia e da OCDE, que obrigariam a essa divulgação. E até cuidou de salvaguardar os interesses dos seus putativos patrões através da tentativa de esvaziar a importância da convocação de Vítor Gaspar ou de Maria Luís Albuquerque para testemunharem sobre o mesmo assunto.
Pode ter violado leis várias. Pode ter sido suspeito amigo de gente envolvida em branqueamento de capitais e de fuga aos impostos. Mas teve o topete de reconhecer as faltas sem lhes dar a devida importância. Esteve ali sentado à cabeceira de duas filas de deputados com o ar angelical do miúdo apanhado na travessura de ter roubado um dos bolos postos pela cozinheira a arrefecer à janela.
Está, pois, decidido: quando eu próprio quiser cometer falta grave com os meus escassos capitais aposto nele para a conveniente defesa: não só serei seu beneficiado infrator como conto que dê corpo às balas e me poupe a maiores chatices...
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