A História ensina-nos que, muitas vezes, quando a situação parece mais insuportável, abre-se uma janela e entra um exuberante raio de luz onde parecia grassar a escuridão.
Só para não ir muito atrás no tempo, quem diria às oito horas da noite de 4 de outubro, quando todas as televisões anunciavam a vitória de passos coelho que, dois meses depois, já contávamos com uma solução governativa à esquerda?
E, ainda mais perto de nós, temos o exemplo das eleições francesas: uma semana atrás, os neofascistas festejavam a vitória e já se imaginavam à frente de duas importantes regiões, quando afinal morrem na praia com derrotas convincentes em todo o Hexágono. Mesmo contando com o estímulo bem recente dos atentados, que terão levado os mais timoratos a acreditarem nas soluções securitárias da família le pen.
Poder-se-á concluir que se não foi desta, quando tudo se conjugava para o seu sucesso, nunca os le pen alcançarão os seus objetivos!
Assumidamente otimista e a quase dois anos das próximas presidenciais, acredito na possibilidade de Hollande ganhar a reeleição e ajudar o seu partido a recuperar a liderança no quadro eleitoral. Basta para isso mostrar a sensatez e a gravidade exigível a um homem de Estado, que tem sabido ser mais recentemente, após uma primeira fase de mandato mais do que polémica.
Muito embora a Europa comporte no seu seio governos antidemocráticos ou de um conservadorismo grotesco, está a necessitar-se de uma viragem decisiva para políticas socialmente mais justas e igualitárias. E o sucesso do atual governo português, a par do de Tsipras na Grécia e do que decorrer das eleições espanholas, bem pode criar essa mudança qualitativa, que tornará obsoletas as (falsas) soluções austeritárias da direita ou a xenofobia securitária dos neofascistas...
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