Sabemos que Pedro Santos Guerreiro não costuma ser um comentador muito assertivo para tudo quanto diga respeito à esquerda em geral, e ao Partido Socialista em particular.
No entanto, na sua crónica semanal no «Expresso» ele reconhece o óbvio a propósito do Banif, e que só ganha maior expressão por ser ele a escreve-lo: “Passos Coelho foi covarde. Maria Luís Albuquerque foi relapsa. Ambos foram calculistas, não quiseram pôr em risco a ‘saída limpa’.” E sobre António Costa acrescenta “que não se acobardou como Passos Coelho e deu a cara no desfecho do Banif.”
No semanário de Balsemão confirma-se o que se adivinhava: já em novembro, ainda na vigência do XX Governo, Maria Luís foi avisada por Carlos Costa da urgência de uma solução, pois a Comissão Europeia queria liquidar o banco sobre cuja viabilidade duvidava desde 2013. Como de costume, a ex-ministra das Finanças deixou a situação agravar-se com medo de que lhe escaldasse as mãos. Na futura Comissão de Inquérito não me admiraria vê-la invocar, despudoradamente, a impossibilidade de assim fazer por integrar um governo de gestão. Mas, nessa altura, espero que lhe lembrem como esse estatuto não impediu esse mesmo governo de proceder à venda apressada e indecorosa da TAP:
Mais adiante, e continuando na mesma fonte informativa, identifico-me plenamente com a revolução proposta por Daniel Oliveira, que sugere uma regra para o futuro: “se é privado pode falir, se é garantido pelos contribuintes tem de ser público” porque “não podemos continuar a aceitar um capitalismo que socializa o risco, nem um sistema de apoios que transfere ainda mais recursos do Estado e da economia para um sistema financeiro parasitário e inimputável”.
A mudança de ciclo político ainda não significou alcançar-se esse objetivo mas para lá caminhamos, tanto mais que um dos grandes protetores deste tipo de gestão bancária - Cavaco Silva - está prestes a voltar às catacumbas da História de onde, em má hora, regressou para nos atazanar durante mais dez anos. Agora, como não subscrever o suspiro de Miguel de Sousa Tavares, que confessa estar a contar os dias que faltam para nos livrarmos de vez deste pesadelo presidencial?
Em dia de celebração natalícia não fica muito mais para comentar. De importante apenas mais dois sintomas do que significaram os quatro anos do austericidio cometido entre 2011 e 2015: pelo menos registaram-se cinco mortes por aneurisma no Hospital de São José devido aos cortes na saúde decididos por Paulo Macedo e o agravamento em mais 42 mil pessoas do número de idosos pobres no país em apenas um ano. Em 2014 eles já eram 360 mil sujeitos a enormes privações por não contarem com o merecido apoio da Segurança Social.
Será exaltante ouvir hoje o candidato Sampaio da Nóvoa enunciar a Visão de esperança, que espera ver aplicada ao futuro próximo do país na imprescindível entrevista que dará à TVI no seu jornal das 20 horas...
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