Não! Não é imagem, que se obtenha na Síria ou no Iraque: em Osve, na Bósnia, a bandeira negra do chamado Estado Islâmico está hasteada orgulhosamente pelos seus habitantes. Em plena Europa, uma povoação ostenta o seu entusiasmo pelo fundamentalismo assassino, que tem assombrado os receios do resto do Continente.
Osve fica a cento e trinta quilómetros de Sarajevo e tem fama de constituir centro de treino para os terroristas dispostos a matarem-se e, sobretudo, a matarem em nome do Profeta. Quem a visita encontra homens vestidos com túnicas e longas barbas e as mulheres escondidas nas negras burqas.
O islamismo ali professado é o de inspiração wahhabita, que impera na Arábia Saudita, e já nada tem a ver com o do passado, quando ali se acreditava na tolerância e no convívio ameno com os outros credos.
A mudança ocorreu como corolário lógico da intervenção norte-americana com a Sérvia de Milosevic. Como sempre acontece com as intervenções planeadas no Pentágono, o que fica depois das guerras aprovadas pelo Senado e pelo Capitólio, é bastante pior do que se propagandeava querer-se eliminar.
Nesse período entre 1992 e 1995, e em nome da djihad, muitos extremistas oriundos dos mais diversos países muçulmanos acorreram à Bósnia para ajudar os seus émulos locais a imporem uma independência mais do que controversa.
Associações e fundações “caritativas” muçulmanas - quase todas dos países do Golfo Pérsico - apoiaram financeiramente os islamistas bósnios, induzindo-os a imporem a sua retrógrada mundividência. Como poderiam eles opor-se se o povo estava esfomeado e cercado?
Os sauditas até financiaram a construção da mesquita Fahd Abdul Aziz em Serajevo, belo edifício em mármore cinzento, mas exclusivamente dedicado à prática e ao ensino da variante wahhabita e obscurantista do islão.
O que inquieta muitos dos que olham para os Balcãs com uma perspetiva muito diversa dos que continuam a diabolizar os sérvios e a escamotear o crime de se ter posto termo a uma nação jugoslava, pacífica e tolerante, é a ascensão do islamismo salafista na Albânia e na Bósnia. A partir desse centro nevrálgico em Sarajevo, os fundamentalistas começaram a tomar de assalto todas as mesquitas da região e a torna-la no potencial santuário de novos ataques do seu inquietante califado.
E, no entanto, a atenção dos media e das instituições internacionais continua focalizada no que se passa na Síria ou no Iraque, sem tomarem a devida atenção ao que ocorre no Iemen ou na Península Balcânica.
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