Não tinha dúvidas quanto ao que resultaria do primeiro debate quinzenal de António Costa com os deputados da Assembleia da República: existe uma tão grande confiança nesta equipa ministerial, que só poderia correr mal para a direita.
Antes de se iniciar havia quem afiançasse a escusa de passos coelho e de portas em intervirem, mantendo a lógica da suposta ilegitimidade da solução governativa. Afinal eles pareceram ter atinado e, ao dirigirem-se a António Costa com o respeito enquanto primeiro-ministro, deram a aparência de entrarem, mesmo a contragosto num ciclo político do qual temem ser marginalizados. Mas, se passos coelho começou relativamente bem, portas desatinou e insultou sob a capa de querer dar conselhos a quem deles não precisa. Concluiu-se, assim, que, mesmo pondo fim ao PàF, os dois partidos entenderam-se quanto ao seu desempenho: um quer passar pelo polícia bom e o outro pelo polícia mau, sem compreenderem qual o seu verdadeiro papel nesta fase histórica, que é o de servirem de vilões.
Confirma-se que a esquerda está consolidada na forma como interage no hemiciclo, mesmo sem o receio de apresentação das respetivas divergências. E a direita está confrontada com o grave problema de saber como contrariar essa cumplicidade. Tanto mais que as circunstâncias também não a ajudam: não é que até as taxas de juro para a dívida portuguesa até se mantém em terreno negativo?
Se as mais recentes sondagens já davam o PS à frente do PSD, como acontecerá quando as medidas agora anunciadas começarem a ser implementadas e, melhor ainda, a comprovarem os seus efeitos benéficos?
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