No atual quadro parlamentar cabe uma deputada, que consegue sempre surpreender pela negativa. Tem nome de poetisa, mas só se lhe conhece prosa mal amanhada e, embora morena, ajusta-se lapidarmente ao que o anedotário nacional sempre atribuiu às loiras. Trata-se, obviamente, de cecília meireles, cujas intervenções dão pleno significado a termos pouco usados no nosso vocabulário político atual, mas fazem pleno sentido: néscia e mentecapta.
Ouvi-lhe a intervenção relativamente ao Banif na sessão da Comissão Parlamentar, endereçada a Mário Centeno, e nem queria crer no que ela dizia: pois, então, já com o BCE a retirar ao Banif o acesso regular a financiamento, ainda pretendia adiar a resolução para o próximo ano, como se o banco conseguisse sequer manter as portas abertas a partir de segunda-feira?
Pode-se-lhe desculpar o facto de se tratar de uma advogada, que não teria propriamente vocação para abordar questões económicas e financeiras, mas é justamente por isso mesmo que a cultura portuguesa inventou o provérbio do sapateiro que nunca deveria ter ousado pegar no rabecão.
Sendo evidente que a culpa de tudo quanto aconteceu com o Banif só pode ser assacada a passos coelho, a paulo portas, a maria luís albuquerque e a carlos costa, a estratégia de passa culpas do CDS só pode ser vista como estupidamente inábil.
Já a do PSD procura ser um pouco mais inteligente, porque baseada na lógica de partir para o ataque como melhor forma de defesa.
Escolheu para tal a nova «estrela emergente» entre os gorilas das hostes laranjas, que é o deputado leitão. Quem lhe anda a mudar as fraldas, já percebeu ter ali pupilo capaz de espernear e berrar alto, o que, na circunstância, poderá impedir que se ouçam os argumentos mais pausados dos que têm por si a razão dos factos.
Ficou, uma vez mais demonstrada, a evidência de faltar razão a quem procura falar mais alto, fazer milhentas perguntas, piruetando por elas, repetindo-as e misturando-as numa retórica que só a ele ilude.
Os factos são como são e o Banif permitiu desmascarar com maior facilidade a sujidade da «saída limpa» e a gestão eleitoralista da governação como forma de iludir o eleitorado, mesmo fazendo-lhe pagar bem caro o custo da adiada calendarização dos problemas mais bicudos.
Têm toda a razão os que se indignam com o facto de, há uns anos a esta parte, os bancos não estarem a financiar a economia nacional, antes valendo-se dos impostos dos contribuintes para se aguentarem e propiciarem os bónus aos seus quadros superiores.
E, mesmo com cavaco a repetir alarvidades no desfile de Halloween retardado, que foi um tal Conselho da Diáspora em Cascais, o próprio guru dos neoliberais lusos teve de se confessar chocado com os acontecimentos dos últimos dias.
Muito apropriadamente o editorial do «Público» de hoje, questiona se, até certo ponto, não foi por adivinhar estas bombas de relógio, que António Costa mal deu tempo a passos coelho para se iludir com a possibilidade de manter o pote à custa de um falso «bloco do arco da governação».
Os tempos adivinham-se duros para uma direita cada vez mais confrontada com a forma dolosa como desgovernou o país nos últimos quatro anos.
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