O dia político esteve marcado pelo caso Banif e pelo dossiê TAP, que comprovaram a mudança de estilo na governação do país.
Quanto à questão de iminente falência do banco madeirense, António Costa quebrou mais uma tradição, a de passos coelho, que sempre fugiu dos problemas com o BES como se tivessem peçonha, servindo-se do governador do Banco de Portugal como seu escudo protetor. Pelo contrário chamou a si o dossiê, convocou os partidos com assento parlamentar para uma reunião destinada a informá-los do ponto da situação e tratou de acalmar os depositantes, comprometendo-se em reembolsá-los na totalidade independentemente do valor colocado á guarda do Banco.
Se o governo da direita sempre empurrara o assunto com a barriga eximindo-se de cumprir o seu insubstituível papel, Costa mostrou a sua coragem em olhar os problemas de frente e procura-los resolver o mais rapidamente possível.
Na TAP deu um enorme gozo o seu aviso a Neelman e a Pedrosa, que tinham saído da reunião com o ministro Pedro Marques na posição de força de nada quererem negociar. Lembrou-lhes a precaridade do contrato assinado a desoras com um governo já demitido das suas funções e nem teve, ainda de utilizar o verdadeiro joker, que traz na manga, o das diferenças entre o conteúdo efetivo do contrato e o enviado para o requerimento do visto do Tribunal de Contas. Por agora ainda não se abandonou a via negocial, mas os compradores já foram avisados quanto às vantagens que podem ter em não se colocarem numa posição de força contra o governo, porque terão muito mais a perder. É que à conta de quererem tudo, poderão simplesmente ficar com uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma.
Sabe bem ver um primeiro-ministro com estas características: confiante e determinado a priorizar o interesse publico em relação aos dos lobbies apostados em condicioná-lo nas suas áreas de decisão. Depois de quatro anos em que o inquilino do Palácio de São Bento mais pareceu um provedor dos interesses de quantos olhavam gulosamente para o que pudesse ser privatizado ou objeto de subsídios estatais, a inflexão de tal postura irá causar grande desagrado nos que deixarão de encarar o Estado como farta manjedoura, aonde costumavam abocanhar muito do dinheiro pago pelos contribuintes.
E estou igualmente convicto da nova postura diplomática de Portugal nas instituições europeias: ao contrário de passos coelho e de maria luís albuquerque, se se limitavam a seguir their masters voices, o país passará a ter voz própria e impositiva quanto aos interesses nacionais. Abandonando o conformismo de tudo aceitar sem discutir, por nem se sentir com capacidade negocial para o contestar, e garantindo apoios cada vez mais alargados para ver a União Europeia readquirir as promessas de conversão num espaço de cidadania, onde as pessoas contem mais do que os interesses financeiros, Portugal poderá recuperar o respeito, que lhe é devido e não tem sido garantido.
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