segunda-feira, 1 de junho de 2015

O que nos revelam os livros vendidos ou na prateleira

Uma das ideias feitas, que continuam a ser divulgadas até à náusea pelos comentaristas do costume, é a de ser quase certa a improbabilidade de uma maioria absoluta nas próximas legislativas.
Várias vezes tenho aqui referido ir ainda a procissão no adro e que os próximos meses serão determinantes para exequibilizar a concretização do que desejo: a maioria absoluta do Partido Socialista.
Para que tal aconteça haverá que garantir uma quebra acentuada dos partidos da coligação de direita, capaz de se associar à tendência conhecida do eleitorado em aderir no último momento ao anunciado vencedor, porque não há nada que os portugueses mais gostem do que ganhar … nem que seja a feijões.
Conto para tal com a inteligência de António Costa, que tem sabido gerir o calendário de afirmação do seu futuro governo com uma argúcia própria de quem já tem muito saber de experiência feito. Mas também com a credibilidade óbvia das suas propostas, que têm colocado a direita à beira de um ataque de nervos por não ver forma de as contestar.
Há, no entanto, um fator igualmente determinante e que joga em claro desfavor de passos coelho: a empatia que não consegue suscitar. Um bom exemplo disso está na notícia recolhida na Feira do Livro em como um dos maiores flops é a biografia assinada por sofia aureliano. Esse inenarrável «Somos o que queremos ser» constitui bom exemplo de um dano ambiental assinalável, porque as pobres árvores, assassinadas para recolherem na forma de papel essa sucessão de imerecidos elogios  e de episódios da treta, desapareceram sem qualquer razão.
Os números oficiais apontam para oitocentos acólitos dispostos a despender uns euros para se exibirem com o livro na mão nas próximas ações de campanha, esperançados em não se verem esquecidos na distribuição de lentilhas a que se julgam com direito.
Já António Costa está a merecer uma atenção das editoras que, mesmo sem qualquer colaboração da sua parte, preparam a apresentação de duas biografias para as próximas semanas, uma da autoria de Bernardo Ferrão e Cristina Figueiredo, ambos da redação do Expresso  e outra de Miguel Marujo e Octávio Lousada de Oliveira, do DN.
Independentemente das intenções inerentes a tais publicações (queremos crer que serão trabalhos jornalísticos objetivos e tendo como motivação o lucro inerente a visarem sucessos de vendas!), é óbvia a diferença que os portugueses revelam quanto ao interesse pelas biografias de passos coelho ou de António Costa. E essa diferenciação também se revelará no momento de votar no dia das eleições.
E, já que estamos a falar de livros, muito embora Cercado — Os Dias Fatais de José Sócrates, de Fernando Esteves seja mais do que equívoco, para não dizermos que integra a campanha em curso contra o antigo primeiro-ministro, o facto de estar a constituir um sucesso de vendas mostra bem como o visado continua a merecer a maior das atenções por parte dos portugueses, a maioria dos quais não pode aceitar a forma como vem sendo tratado. Também nesse caso a empatia com o biografado joga a favor dele, em desfavor do seu sucessor, por quem ninguém acaba por se revelar interessado.


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