A estratégia da direção do PSD
está a sofrer sucessivos revezes. O que mais me justifica o convencimento
quanto à possibilidade de uma vitória do PS por maioria absoluta nas próximas
legislativas.
Peguemos, por exemplo, no caso da Grécia.
Para os estrategas laranjas era importante que Tsipras e o seu governo
fossem rapidamente defenestrados pelas hordas de schäuble e dijsselbloem de forma a fundamentar o discurso da impossibilidade de
alternativas ao austericidio dos anos mais recentes. Por isso mesmo maria luís
albuquerque empenhava-se em ser a mais entusiasta das groupies do
ministro das finanças alemão nas reuniões do Eurogrupo.
No entanto os meses foram passando e à teimosia dos credores sempre
correspondeu a determinação do governo de Atenas. Resultado: mesmo que a Grécia
entrasse agora em default dificilmente essa notícia conseguiria ser
aproveitável por quem apostava no KO logo nos primeiros assaltos e tem de
reconhecer tratar-se de uma decisão aos pontos quando o combate chegou aos
quinze regulamentares.
E o pior ainda pode acontecer para os coordenadores da campanha do PSD e do
PP: um acordo entre os credores e o governo grego servirá de demonstração à sua
falta de razão. Basta inflexibilidade irredutível de quem sabe bem o que quer
para que a ditadura dos mercados se veja obrigada a ceder.
Conclui-se, assim, que a Grécia deixou de servir de argumento válido para a
direita, apenas dependendo do acordo, ou não, com o FMI, o BCE e a Comissão
Europeia, dos danos que ela causará no seu resultado eleitoral.
Outro exemplo de como as coisas não andam a correr nada bem a passos &
Cª teve a ver com a apresentação das linhas programáticas da sua proposta de
governo para os próximos quatro anos. Justificada como forma de contrariar o
protagonismo do Partido Socialista nas semanas mais recentes, essa apresentação
foi completamente ofuscada pela comédia de enganos ontem produzida ao final da
tarde quanto ao que se estava a passar ali para os lados da Segunda Circular.
Quem é que ainda teve paciência para ouvir as habituais banalidades de
passos coelho?
Numa análise mais detalhada até pode ter sido positivo para o PSD e o CDS que
a transferência de Jorge Jesus tenha distraído os eleitores da sua
apresentação. É que, enquanto António Costa tem apresentado ideias novas e
economicamente bem fundamentadas para a mudança a implementar a partir de
outubro, o que se ouve nos que ainda estão à frente do governo assemelha-se a
uma cassete ainda mais gasta do que a do PCP.
Essa será, afinal, a outra razão para o meu otimismo: apesar do espírito non
fare niente do verão e das surpresas vindas do mundo do futebol, ainda
faltam quatro longos meses até às eleições. Com as ações de campanha, que
obrigatoriamente se cumprirão quem terá paciência para ouvir de passos e de
portas sempre a mesma ladainha quando, do lado contrário, António Costa,
apoiado na inteligência comunicacional de Edson Athayde, não deixará de
surpreender com estímulos sempre renovados?
Se existe ainda alguma ponta de curiosidade na campanha eleitoral da
direita é a de espreitar para a cara de paulo portas definitivamente saído do
centro da ribalta para se limitar ao papel de vice-candidato de passos. Já sem
o protagonismo dos tempos em que era o paulinho das feiras com promessas fartas
para contribuintes e velhinhos restar-lhe-á limitar os danos para que o PP
consiga ser algo mais do que o partido do táxi e garanta a quem lhe suceda um
suplemento de vida ao estado cadaveroso em que o deixa...
Sem comentários:
Enviar um comentário