1. Bem pode passos coelho carpir-se dos mitos urbanos, que a mentira tem pernas e acaba por facilmente o apanhar. Nestes dias são vários os jornais e televisões, que comprovam o que ele disse embora agora teime em desdizê-lo. Por exemplo, se aconselhou ou não os jovens a emigrar.
Em 2011, quando adivinhava o crescimento significativo do desemprego como efeito duradouro das suas políticas, não esteve sozinho no conselho: foram vários os ministros e os secretários de estado a secundar-lhe as mesmas ideias. Como escreve, hoje, o editorialista do `«Público» essa era a “verdadeira doutrina do Governo”.
Num texto, que merece aplauso, escreve-se ainda: “Mas há ainda o fator humanidade. Ou a falta dela. Esta equipa governativa foi pródiga em frases de extrema crueza para com uma população acossada por medidas muito gravosas para a sua vida. Entre a soberba e a falta de compaixão, o primeiro-ministro deu sempre o exemplo à sua equipa.
Quem não se recorda da promessa “vamos cumprir [o programa da troika] custe o que custar”, ou o raspanete sobre sermos “menos complacentes” e “menos piegas”, ou a tirada motivadora anunciando que “só vamos sair da crise empobrecendo”? A poucos meses de eleições, remexer no passado só traz de volta recordações indesejáveis.”
2. É sempre bonito ver quem erra dar mostras de reconhecer o seu erro. É o caso de Carlos Fiolhais, que tão crítico se mostrou durante a governação de José Sócrates e hoje se multiplica em palavras de apreço pelo desempenho de Mariano Gago nesses anos, que tão acerbamente criticou.
Agora é nuno crato, quem muito merecidamente sai de orelhas a arder com o que diz o físico e professor universitário coimbrão: “Crato teve agora a suprema lata de vir dizer ao Diário Económico (6 de Junho) que estamos num “ano de ouro” da ciência.
Pura propaganda eleitoral, desmentida pelo facto de haver bons investigadores impedidos de investigar. Ele está, em vésperas de eleições, a tentar impor à pressa e à força uma “avaliação” ilegal, incompetente e injusta, que o próximo ministro rejeitará.”
3. Para não ser incomodado com protestos semelhantes aos do ano transato, cavaco silva conseguiu que lhe assegurassem umas cerimónias do 10 de junho em recinto quase fechado, donde os contestatários ficassem distanciados o bastante para se lhe tornarem inaudíveis.
Lamentável este fim de ciclo presidencial em que aquele que deveria ser respeitado como o primeiro magistrado da Nação tem de se esconder dos cidadãos. Tornou-se num presidente clandestino, objeto de indiferença, senão mesmo de mofa. Como o fez um grupo de apoiantes de José Sócrates, que o obrigaram a confrontar-se à chegada a Lamego com o seu gigantesco rosto num outdoor.
Será que na sua senilidade patética cavaco terá noção da imagem que dele reterá a História portuguesa?
4. Para procurarem suster a indignação de milhares de portugueses pela forma como tem maltratado José Sócrates, o ministério público está a garantir tempo de antena nos noticiários da tarde na SIC com a requentada história do Vale do Lobo, que seria a linha de investigação agora seguida para procurar as provas da suposta corrupção, que tardam em encontrar.
Já anunciaram tantas «linhas de investigação» sem nenhuma ter dado onde quer que fosse.!
Quando a farsa acabar será tempo de aclarar os indubitáveis atropelos à Justiça, que os autores desta infâmia terão cometido, desde que intentaram atacar a admirável personalidade do antigo primeiro-ministro.
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