São muitos os que desejam ver muitas das decisões deste (des)governo na área das privatizações devidamente escalpelizadas para aferir até que ponto existem nelas mais do que incompetência ou negligência. A pressa com que estão a ser vendidas, ou concessionadas, empresas pertencentes ao Estado exala um odor demasiado fétido para que não se deixe de averiguar o que o poderá estar a suscitar.
Veja-se o negócio da TAP, cujo caderno de encargos foi escamoteado do mais do que legítimo direito dos portugueses em conhecerem-no. Já sem referir o quanto todo o processo deveria ter sido previamente escrutinado a nível parlamentar.
Se quisermos ir para o lado da negligência poderíamos denunciar o que se está a passar com o mercado do Extremo Oriente. Será da China e países limítrofes , que chegarão à Europa milhões de turistas abonados nos próximos anos. Para os captar a TAP preparava-se para adquirir os gigantescos Airbus A350. Ora, o que decidiu o mórmon de serviço a meias com o pato bravo das camionetas? Abandonar as rotas asiáticas e apostar nas do Atlântico Norte e Atlântico Sul.
Quer isto dizer que milhões de euros potencialmente conseguidos de turistas chineses, japoneses ou coreanos eficientemente atraídos pelos encantos do nosso país ficarão noutros destinos europeus onde chegarão e já não terão vontade de mudar de escala e de companhia aérea para virem até esta ponta ocidental.
Independentemente de outras razões mais obscuras, que estejam na origem do negócio, passos & Cª olharam apenas para os prejuízos da TAP sem ponderarem nos benefícios financeiros, que viriam para o país à conta da sua existência. Se foi só isso poderemos sempre lamentar que tenhamos tido a (des)governar durante estes quatro anos, quem pensa tão «pequenininho».
Mas o pouco que se vai sabendo da negociata ainda assume foros de maior escândalo: em vez de investirem na empresa, os dois cúmplices do seu suspeito abocanhamento irão capitalizá-la com a venda dos seus aviões, que depois alugarão em regime de leasing. Será com os lucros da operação, que contam depois apostar na compra dos tais 52 novos aviões com que andaram a querer enganar palecos nas notícias diariamente emitidas para intoxicar a opinião pública.
A propósito desta habilidade perguntava-se, ontem, Nicolau Santos no «Expresso»: “se isto é assim e é tão bom e evidente, porque é que a atual administração não o fez? Ou porque é que o Estado não deu ordens para isso ser feito?”
Esperemos que António Costa ainda consiga reverter o crime de lesa Pátria, agora aprovado pela direita e se crie uma investigação aprofundada sobre os meandros obscuros de tudo isto. Sem poupar ninguém, nomeadamente António Vitorino, que parece ter tido papel determinante como o advogado principescamente remunerado para defender os provisórios vencedores...
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