São bem conhecidos os estudos,
que identificam nas expressões faciais os estados de alma de quem fala em
público.
Na semana transata passos coelho
brindou-nos com dois momentos de eleição para nos dedicarmos empiricamente à
análise dos seus traços fisionómicos. O mais interessante terá sido aquele em
que pediu aos manifestantes de Ovar, que se retirassem da sala onde pretendia
repetir pela enésima vez o seu discurso eleitoralista. Se de início pareceu
iludir-se com o teor das palavras de ordem, que começaram a ser proferidas do
fundo da sala, todo o seu rosto se crispou ao compreender o embaraço em que as
câmaras de televisão o deixavam. E, por isso, embora contendo-se ao máximo para
não perder as estribeiras, a voz traía-lhe a intenção.
No outro momento divulgado pelas
televisões tivemos oportunidade para apreciar o seu discurso sobre a “ânsia”
dos portugueses pela previsibilidade e pela estabilidade.
Ora, ele sabe bem que não é esse
o estado de alma de quem, em breve, irá votar. Adivinha decerto que poucos o
levarão a sério, tendo em conta a imprevisibilidade e a instabilidade vivida
pelos portugueses ao longo destes quatro anos. E, por isso mesmo, o tom da voz,
quando disserta sobre tão ambivalentes propósitos, não consegue ser
convincente, inspirando uma desconfiança, mesmo sem se atender às palavras.
Porque ciente de se aproximar o ajuste de contas sobre a sua governação, ele
tem a consciência de só lhe restar como único caminho a repetição até à náusea
das mesmas mentiras na expectativa de levar uns quantos ingénuos a
aceitarem-nas como espelho de uma realidade bem diferente...
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