Já não me faltando muito para alcançar as seis décadas de vida, ainda tenho a esperança de ver os defensores do «pensamento único» na área da Economia a reconhecerem, enfim, aquilo que já é uma evidência para muitos observadores do tempo que passa.
O capitalismo está a revelar uma tão notória falta de capacidade para se regenerar e conseguir uma nova fase de crescimento e desenvolvimento das sociedades humanas, que são muitos os que consideram inevitável a súbita afirmação de uma outra forma de as gerir economicamente. Com versões mais moderadas da sua lógica de exploração do homem pelo homem, como propõe um Pikety? Ou com outras, que recuperem os nunca desmentidos princípios fundamentais do marxismo e consigam uma receita diferente das que fracassaram nas diversas sociedades onde o comunismo supostamente governou?
Por ora, indiferentes aos efeitos das brutais aplicações das teses de hayek ou de friedman, ainda predominam os que as vão repetindo como se fossem dogmas inquestionáveis, zurzindo, quais inquisidores, contra quantos clamam que o rei vai nu!
Veja-se o exemplo do suplemento do Expresso dedicado a esses mesmos assuntos: excluindo os textos de Nicolau Santos e de Stiglitz, todos quantos são assinados pelos comentadores do costume seguem sempre a mesma bitola: o austericídio é a receita virtuosa e incontornável para o atual estado das coisas e as pessoas nada valem em função dos superiores interesses do mercado.
Temos luís marques a considerar chantagista o comportamento do governo grego para com as instituições conhecidas por troika apesar de muita e boa gente (a melhor, em minha modesta opinião!) considerar o contrário.
Na mesma linha ideológica joão vieira pereira tece loas à privatização da TAP e volta a azucrinar António Costa por prometer reverte-la. Desconfio que anda a provocar o líder do PS para ver se este lhe volta a mandar um sms, que lhe sirva para bramar em jornais e televisões sobre os (falsos) atentados à liberdade de imprensa.
Outro fanático da escola de Chicago, joão duque, consegue «demonstrar» que passos coelho tem conseguido criar muito mais emprego nestes quatro anos do que Sócrates em seis. Se era para que nos ríssemos da anedota, não resultou: em vez de comediante de fino recorte, saiu-nos à liça um mero palerma.
Quanto a daniel bessa deve ter recorrido ao vinho do Porto para aguentar o inefável discurso de cavaco silva no 10 de junho. É que ficou tão inebriado com tão «rica» prosa, que lhe deu em perorar sobre as encostas do Douro.
Mas o mais patético deles todos - ganharia decerto o «Jogo do Tanso» no serviço de notícias do Canal Q - foi martim silva que, no primeiro caderno, conseguiu colocar na coluna dos «Altos» o mesmo cavaco silva pela excelência do discurso em causa, teixeira dos santos pela reabilitação inerente ao seu papel de Judas e a sérgio monteiro pelo «sucesso» da privatização da TAP. Compreende-se assim a sua lógica, quando coloca António Capucho nos «Baixos» por ter ido discursar à Convenção do PS.
Tudo artistas ao jeito de balsemão, claro! E nós a pagarmos para que nos insultem a inteligência com tão toscos propósitos!
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