Há um par de semanas João Quadros assustou-se com um discurso de cavaco silva no estilo dos solos de violino por conta dos «sucessos« conseguidos à conta do governo de que quis ser extremoso padrinho.
O susto tinha toda a razão de ser: no início do verão passado, ele elogiou a situação financeira do Grupo Espírito Santo fazendo com que pequenos investidores mergulhassem a fundo no aumento de capital e, poucas semanas volvidas, foi o que se viu. Por isso mesmo ficou como regra que, quando cavaco silva tece loas em prol de algo é precisamente o contrário a verificar-se.
Agora, no voo para a Bulgária, ele ter-se-á confessado muito mais aliviado com a venda da TAP a pataco. Ora, o que se vai sabendo do negócio é que o mórmon dado como seu novo dono - mesmo tendo como testa-de-ferro o homem da Barraqueiro - conseguiu impor condições justificativas das maiores apreensões.
Além de uma companhia aérea com a contagem decrescente para se descaracterizar e sair de Portugal, ainda sobra a possibilidade de contar com os contribuintes portugueses para lhe pagarem as faturas.
Justifica-se, assim, o redobrar do susto de João Quadros: não é só o país a precipitar-se na falência se cavaco continuar a ter alguma influência no seu futuro. É também a sua companhia aérea.
Mas tem de se dar escasso crédito a um complexado cujas palavras a propósito do ego e das suas pretéritas vitórias eleitorais mais não indiciam do que a perceção do ódio, ou no mínimo, do desprezo, que desperta na maioria dos portugueses.
Será muito merecido o julgamento que a História fará da sua passagem pelo poder: uma escuríssima nodoa que irá custar a tirar, mas não tardará a desaparecer.
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